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Desertificação – Entenda Como o Desmatamento Está Cobrando Sua Dívida

Por: Camila Gomes Victorino

A água em troca de bens materiais. Até quando?
Fonte: DanielmCarlos
A seca de São Paulo começa a preocupar cada vez mais, principalmente por conta do uso do volume morto, o qual já se sabe estar contaminado com metais pesados. Além disso, ainda fica a pergunta sobre qual será a solução quando toca a água secar e quando a seca começar a se alastrar por toda a região Sudeste. É por este motivo que resolvi fazer um texto sobre a seca e a sua relação intrínseca com o desmatamento das florestas.
Como todos os textos do blog, eu não vou apenas falar dos problemas, mas tentar mostrar soluções viáveis para as pessoas que se preocupam e que sentem que têm a missão de melhorar a si mesmos e ao mundo. Assim, o que podemos fazer para lidar com a seca preocupante que assola o Estado de São Paulo e mais futuramente toda a região Sudeste?

O desmatamento da Amazônia é muito mais sério do que
se pensava. Fonte: pjpontes
Para chegar a conclusões sobre soluções, primeiramente precisamos entender o que está gerando esta seca e para começar, resumimos aqui uma entrevista com o cientista Antônio Donato Nobre, especialista em questões amazônicas e pertencente ao grupo do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)1.
Em entrevista para o IHU, em 31 de outubro de 2014, o pesquisador abordou o tema da correlação entre o processo de desertificação da região Sudeste e de outras regiões do mundo, a qual tem completa correlação com o desmatamento das florestas. Segundo o cientista, só nos últimos 40 anos foram desmatados o correspondente a 3 estados de São Paulo ou 2 Alemanhas de floresta. Nestes 40 anos, 2 milhões de árvores foram mortas por dia e esta degradação está levando ao processo de desertificação do Sudeste e seca em outras regiões do planeta, como Califórnia e América Central, além de ter aumentado o período da seca no Mato Grosso, prejudicando a monocultura da região, a qual também é uma das responsáveis pelo desmatamento, desta vez do Cerrado.

Mais do que CO2
A floresta, como sistema dinâmico tem forte influência
no clima, principalmente nos regimes de chuva da
região Sudeste. Fonte: VivaTerra
Durante toda esta década temos ouvido a mídia falar sobre a importância da re-captação de CO­2 que as florestas proporcionam. É daí então que surgem políticas públicas e encontros favoráveis à diminuição da emissão de carbono ou plantio de árvores aleatórias para aumentar a re-captação deste gás. Todavia, algo que não é abordado pelas mídias e nem pelos governos, é a importância da floresta como um sistema dinâmico. Isto é, ela é importante como floresta e não apenas como soma de árvores. Segundo o pesquisador, o conjunto de seres vivos e sua hiper abundância regula o fluxo de substâncias, controlando o clima. De fato, o oceano é a fonte primordial de toda a água doce, porém, sem a floresta, a umidade que chega dele passaria batida para os Andes. A floresta amazônica, entretanto, libera grandes quantidades de vapor e ajuda a umedecer ainda mais esta massa de ar o que faz chover. Além disso, a floresta dispersa aromas e odores, que, em conjunto com a radiação solar e vapor, reagem com o oxigênio e precipitam a poeira do ar, o que atrai mais vapor d’água. Ou seja, a floresta é uma máquina de nuvens e sua dinâmica única não consegue ser facilmente substituída por plantação aleatória de árvores e nem por monoculturas de eucalipto. Por fim, a floresta ainda assume mais duas funções: uma delas é abaixar a temperatura da atmosfera, atraindo a massa de vapor oceânica e a segunda é levar esta umidade para as profundezas do solo, por meio das raízes longas das árvores mais velhas e típicas de espécies nativas.

O Sudeste é em parte responsável pela sua seca, pois com todo
seu poder político, não beneficiou em nenhum momento políticas
de conservação da Amazônia e de outros ecossistemas.
Fonte: R7
E o que isso tem a ver com São Paulo e Sudeste em geral?
Aqui vem o ponto de maior preocupação: de fato, a latitude em que se encontra São Paulo, Minas e Rio de Janeiro apresenta desertos em todas as outras regiões. O deserto do Atacama está nesta latitude; o Kalahari, o deserto da Namíbia e o deserto australiano também, mas no Sudeste existe algo que modifica o clima, evitando sua desertificação: a floresta amazônica.
Assim, o que mais preocupa neste momento, não é apenas uma seca que será passageira, mas só o começo de um longo processo de desertificação que começará a assolar a região Sudeste, a qual não deixa de ser consequência das políticas de desmatamento legal, a vista grossa, a sede de lucro ou a nossa própria irresponsabilidade dos cidadãos.

O que fazer para ajudar? Fonte: Uol
O que fazer então?
Todos que resolvem atuar e fazer algo pelo mundo já devem ter tido sérias dúvidas a respeito da eficiência de suas ações, afinal a maioria das pessoas que conhecemos são contra coisas tão obviamente benéficas como ciclovias em São Paulo, porém o que eu sempre digo para mim mesma é que mesmo que eu seja apenas uma gota no oceano, eu saberei que fiz todo o possível para transformar o mundo em um lugar melhor. Desta maneira, tente fazer o seu possível também e juntos, nós poderemos aumentar esta rede de pensadores que já vem crescendo mundo afora.
Assim, algumas soluções para o desmatamento da Amazônia podem ser aquelas que provêm da mudança de comportamento ou que envolvam mobilizações.

Mobiliza-se através do veganismo.
Fonte: SaúdeVegana
1 – Torne-se vegan
Uma das principais responsáveis pelo desmatamento da Amazônia, do Cerrado e Pantanal (outros dois importantes ecossistemas) é a pecuária, a qual produz não só carnes, como leite e ovos. Assim, tornar-se vegan diminui a pressão sobre estes ecossistemas e ainda beneficia os direitos dos animais. Por fim, a principal fonte de trabalho escravo no Brasil é a pecuária (veja mais em: "Existem escravos trabalhando para você?").



O óleo de palma é responsável pelo
desmatamento de outras florestas.
Fonte: Occupyforanimals
2 – Boicote o óleo de palma asiático
O óleo de palma que está presente na maioria dos produtos industrializados provém da Ásia e é produzido às custas do desmatamento das florestas tropicais do Sudoeste asiático. Saiba mais sobre este problema no post: “Os perigos do óleo de palma”.





Agite-se. Fonte: Beawarebechange
3 – Junte-se a grupos de conservação de florestas
Segundo o pesquisador Donato Nobre, a Mata Atlântica do passado também beneficiava o regime de chuvas da região Sudeste. Ela praticamente não existe mais, mas é possível atuar e começar a pôr a mão na massa junto com grupos de associações para a recuperação de florestas. Se você não é do Sudeste, mobilize-se também; o desmatamento de outros ecossistemas, como a Zona da Mata no Nordeste e o Cerrado também afetam o clima e a qualidade de vida.

Veja abaixo algumas associações anti-desmatamento pelo Brasil afora:

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Executa ações junto ao sistema Nacional de Unidades de Conservação e propõe novas políticas públicas para a conservação. O Instituto aceita voluntários para trabalhar junto às Unidades de conservação. Acesse aqui.

Associação Mata Ciliar
Desenvolve trabalhos de conservação ambiental, em especial de matas ciliares2. Também desenvolve projetos de educação ambiental e reabilitação de animais silvestres. Aceita voluntários. Localiza-se no Estado de São Paulo (Jundiaí e Pedreira). Acesse aqui.

SOS Mata Atlântica
Atua na conservação da Mata Atlântica. Aceita voluntárixs para trabalhar com educação ambiental. Acesse aqui.

Plante árvores. Fonte: DiárioDgital
4 - Junte-se a grupos de plantio urbano ou no interior
Existem muitos grupos de pessoas organizadas pelo país com a missão de enverdecer grandes cidades com plantio de árvores. Para saber mais, conheça o grupo “Hortelões urbanos” e junte-se ao grupo “ComidaLivre”, o qual mapeia árvores frutíferas pelo Brasil afora e organiza plantios de árvores em áreas urbanas. Outro grupo que realiza mutirões de plantio de árvores é o Sítio “Humanaterra”. A associação realiza mutirões de replantio em várias datas e a contribuição é voluntária. Conheça mais acessando o site.

Parmaculture. Fonte: RioMira
5 – Permaculture e mude-se
Você pode diminuir o seu impacto no meio-ambiente através da permacultura, a qual propõe diversas medidas ecológicas, que visam o equilíbrio entre ser humano e natureza. No nosso blog sempre colocamos dicas de como "permaculturar", como o uso de fornos solares, evitando o uso de gás, uso de composteiras para o lixo orgânico, medidas de redução do consumo e consequentemente do lixo, produção de produtos cosméticos e de limpeza ecológicos e caseiros. 

Para começar, veja o filme "Utopia no quintal".

Se você tem mais dicas de como barrar a destruição ambiental, mande nos comentários.

Notas
1 –Para ler a entrevista na íntegra, acesse o site do pensador Leonardo Boff: "Estamos indo direto para o matadouro, diz Antônio Nobre".
2 – Mata Ciliar é a mata que protege zonas de nascentes e bordas de rios. Esta mata protege as bordas de rios e nascentes, evitando sua erosão. Seu desmatamento geralmente leva à seca de nascentes ou rios, o que é em si extremamente prejudicial para as fontes de água doce. Entretanto, seu desmatamento, apesar de ilegal, é ainda comum.


Paz!





 Pensando ao contrário


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