O Fim do Lixo Urbano – Projeto Composta São Paulo
Por: Camila Gomes Victorino
Segue vídeo do projeto abaixo
video COMPOSTA SÃO PAULO from Composta São Paulo on Vimeo.
Referências
- GRIPPI, Sidney. Lixo, reciclagem e sua história: guia para as prefeituras brasileiras. 2.
ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2006.166p.
Paz!
Mais da metade do lixo domiciliar se deve a resíduos orgânicos. Fonte: Ecomena |
O problema do lixo é muito sério, mas ele tem solução, uma
solução simples, barata e efetiva, que pode, inclusive, ser também uma grande
saída para a crise energética.
No Brasil 60% do lixo provém dos domicílios, sendo que os
40% restantes provém de fontes variadas, como de indústrias, comércios e
hospitais (Griipi, 2006 p.35) e destes 60%, mais da metade (64%) é proveniente
de matéria orgânica (Neto, 2007 p. 17). Hoje, em 2013, estes dados podem estar
um pouco defasados, pois já sabemos que o desenvolvimento de um país aumenta a
proporção de lixo reciclável no total de lixo domiciliar, porém, mesmo que
ainda seja a metade do total, é inquestionável a importância das soluções
presentes hoje para o manejo dos resíduos orgânicos.
Aterros parecem uma boa ideia, mas fazem o cidadão se alienar sobre o manejo de seu próprio lixo. Fonte: EstiloRamy |
Em muitos países desenvolvidos existem aterros que são
fiscalizados e enterrados em camadas, com plásticos e outros. No Brasil, muitos
lixões são apenas depósitos sem fiscalização e que atraem muitas doenças e
mau-cheiro. Nenhuma das duas soluções é viável e eu digo isso porque vivemos em
um planeta finito e não temos terra infinita para criar infinitos aterros e
lixões. Evidentemente que a matéria orgânica se degrada, mas como não há um
controle, ela nem sempre degrada rapidamente e pode gerar chorume e se misturar
aos metais pesados de produtos não recicláveis que ali estão misturados.
Todavia, mesmo que isso não acontecesse, os lixões tornam-se lugares inóspitos
e desolados e nada disso é na realidade necessário se considerarmos a descentralização
do manejo do lixo urbano, educando a população a gerenciar seus próprios
dejetos e ainda a poder produzir energia e alimentos com isso.
Compostagem não gera cheiro e ainda oferece adubo gratuito para hortas e jardins. Fonte: CulturaMix |
Se é caro? Não! Se é complexo? De maneira alguma! E por que
não fazemos logo? Boa pergunta! Falta informação e vontade política, mas
recentemente um projeto muito interessante começou a surgir em São Paulo e talvez
este projeto seja apenas uma sementinha do que se transformará um dia em uma
grande árvore que diminuirá 60% da quantidade de lixo domiciliar coletado pela
rede pública. Este projeto é o “Composta São Paulo”.
Em muitos outros textos eu abordei o tema das composteiras e
de como elas são simples de se fazer ("Estamos destruindo o planeta: o mito do plástico necessário"). De fato composteiras podem até
ser compradas, mas não passam de algumas caixas furadas que ficam umas em cima
da outra, onde se coloca o material orgânico que se desejou jogar fora. Apesar
da falsa ideia do mau cheiro, composteiras não liberam odor e se bem manejadas,
elas podem produzir adubo de qualidade, o qual pode ser usado em pequenas
hortas ou jardins ou até doados, caso a pessoa não consiga usar tudo.
Antes resíduo, agora adubo! A composteira diminui a produção de lixo urbano, evitando a poluição ambiental. Fonte: ZeroWasteEurope |
De fato, composteiras são fantásticas porque são baratas,
simples e podem ser feitas por qualquer um e até usadas em espaços pequenos,
como apartamentos. Além disso, uma versão mais cara dela (e que possivelmente
ainda não tenha versão domiciliar) consegue armazenar o gás metano produzido na
decomposição da matéria orgânica e gerar gás de cozinha ou até ser usado para
produção de energia elétrica.
Na Alemanha já existem muitos domicílios que fazem seu
próprio manejo de lixo orgânico, mas no Brasil isso é uma novidade e é incrível
que o projeto tenha sido aprovado, já que não existe mesmo muita vontade
política quando se trata de fazer algo útil pela sociedade. Entretanto, o
projeto “Composta São Paulo” está aí e irá distribuir milhares de composteiras
em domicílios que se cadastrarem no site. Tudo é gratuito e o ato servirá como
uma experiência para analisar se o projeto poderá ser expandido para mais lares
de São Paulo.
Eu creio que quanto mais pessoas se cadastrarem no projeto
(mesmo que não haja muitas vagas), mais ficará claro para o governo que a
população está interessada sim em transformar São Paulo em uma cidade melhor.
Por isso, vamos nos cadastrar e apoiar esta proposta!
O projeto
Que melhor forma de educar as crianças sobre o ambiente do que compostar o próprio lixo? Fonte: Uol |
O projeto “Composta São Paulo” irá reunir 2 mil domicílios
voluntários que desejarem compostar seus resíduos orgânicos com
composteira. Esses domicílios, além de
receberem uma composteira, ainda participarão de oficinas de compostagem e
plantio, ajudando a gerar mais conhecimento para uma futura política pública
que beneficie mais lares e ao meio-ambiente.
A idealização e a execução do projeto é da “Morada da
floresta”, um instituto que oferece cursos e oficinas de sustentabilidade e
permacultura urbana, além de produtos sustentáveis, tendo como os principais a
composteira - em vários tamanhos - e as fraldas ecológicas (saiba mais sobre os
perigos da fralda descartável em: "Fraldas: envenenando os bebês e o planeta").
O site do projeto é bastante explicativo e também trás
vídeos e informações simples para quem quer se inscrever ou pelo menos começar
a botar a mão na massa desde já e compostar.
Segue vídeo do projeto abaixo
video COMPOSTA SÃO PAULO from Composta São Paulo on Vimeo.
Referências
- GRIPPI, Sidney. Lixo, reciclagem e sua história: guia para as prefeituras brasileiras. 2.
ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2006.166p.
- NETO, João Tinôco Pereira. Gerenciamento de Lixo Urbano: Aspectos Técnicos e
Operacionais. 1. ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2007. 129 p.
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