Cozinhando Com O Sol - A Revolução dos Fornos Solares
Por: Camila Arvoredo
Cozinhar com o Sol não é somente ecologicamente correto, mas libertador. Fonte: FogãoSolar |
Imagine economizar gás ou lenha, evitar abrir mais minas,
que tanto prejudicam e desmatam, para procurar gás e evitar o desmatamento pela
procura de lenha? Isso é possível quando cozinhamos com o Sol. No Brasil, há
muita energia solar disponível, principalmente nas regiões mais próximas da
linha do Equador. E para aqueles que moram mais ao Sul, cozinhar com o Sol
ainda assim se torna uma importante alternativa nos meses de verão.
Mas, o calor do Sol é suficiente para cozinhar arroz, feijão,
pães e bolos? Não parece tão quente! De fato, colocar um bolo no Sol com
certeza não ajudará muito, mas se utilizarmos algum aparato que concentre a
energia solar, até cozinhar feijão é possível!
Para concentrar a energia solar foram desenvolvidos fornos
solares. Estes fornos são pintados de preto em seu exterior, pois a tinta preta
concentra a energia para dentro do forno. Anexas, chapas metálicas refletoras refletem a luz solar
para dentro do forno, transformando aquele calor agradável em pura energia que
é capaz de cozinhar até os tubérculos mais resistentes. Ainda, em seu interior, pode-se cobrir a caixa com papel alumínio para refletir ainda mais a luz para o alimento.
Forno solar cozinhando bolo. Os fornos solares não têm um formato específico e podem ser construídos em casa. Fonte: Permaculturapedagógica. |
Imagino que sabendo da existência dos fornos solares, muitas
pessoas já tenham vontade de começar a cozinhar da maneira mais ecologicamente
correta possível, porém logo pensam que deve ser difícil encontrar fornos
solares para vender. De fato, é bem difícil achá-los e imagino que a pouca
demanda os torne caros; mesmo assim é possível e barato construir seu próprio
forno solar!
Para tal você irá precisar de uma caixa preta ou de uma
caixa de papelão comum, de tamanho suficiente para caber uma ou duas panelas,
uma superfície metálica para refletir a luz e uma tampa transparente, que pode
ser de vidro, para cobrir a caixa.
Na foto, um forno solar mais sofisticado. Apesar disso, este modelo pode ser construído em casa, com a ajuda de um marceneiro. Fonte: Solarcoking |
Lembre-se que não é
aconselhável que a caixa seja de plástico, pois o plástico em aquecimento libera
dioxina. Esta dioxina, em contato com o vapor da água da comida, se diluirá
nele, podendo contaminar o alimento. Cozinhar com plásticos é muito danoso à
saúde. Atualmente muitos potes apresentam a informação “livre de BPA” ou
bisfenol, o qual é comprovadamente cancerígeno. Para evitar problemas, eu evito
cozinhar com qualquer utensílio de plástico (veja mais sobre isso no post: “Reutilizando alimentos e acabando com o desperdício”).
Depois de escolhida a caixa, pinte-a de preto com tinta
atóxica (por exemplo, guache escolar) por fora e cubra o exterior com cartolina preta. No interior, forre-a com papel alumínio. Depois disso, é importante montar o refletor. O refletor aumentará a
concentração de energia luminosa para dentro do forno. Para fazê-lo, você pode
pegar uma das tampas da caixa de papelão e forrar com papel alumínio ou você
pode utilizar um material metálico para refletir. É importante que o refletor
possa ser ajustado para uma posição que melhor reflita a luz, para dentro do
forno. Para tal, faça testes em sua casa, na hora de montá-la.
Na foto, forno solar caseiro com caixa de papelão. Fonte: Ibreadhunter |
Por fim, é mais eficiente se o forno (caixa) puder ser
tampado com outro material transparente que deixe a luz do Sol entrar, pois
assim a luz entra, mas o calor não consegue sair, diminuindo o tempo de
cozimento. Assim, depois de montada a caixa, adicione uma tampa de vidro do
mesmo tamanho por cima dela. Depois disto, é só colocar as panelas e fazer
testes para ver quanto tempo cada alimento demora para cozinhar. No começo,
aliás, é possível, inclusive, testar com alimentos de fácil cozimento, como
banana, chocolate etc.
Evidentemente que não é preciso usar destes materiais
específicos. Pode-se utilizar uma caixa de madeira ou uma caixa metálica, desde
que sejam devidamente pintadas de preto no exterior. O mesmo se dá com relação
aos outros componentes do forno. De qualquer jeito, seu modelo é fácil de fazer,
barato e seu resultado ecológico. Além disso, a probabilidade do alimento
queimar é mínima para estes fornos.
Cozinhar com o Sol não é só uma alternativa para comunidades carentes, como um futuro provável para a maioria da população. Fonte: NatureConcervancy. |
Cozinhar com o Sol é absolutamente a forma de cozinhar do
futuro. A energia solar é renovável, de graça e não apresenta nenhum efeito
colateral, que possa trazer danos irreversíveis ao meio-ambiente. Até hoje, não
existe nenhum tipo de energia tão simples e barata! Enquanto que a energia
eólica precisa de dispositivos complexos para gerar a maioria dos trabalhos, a
energia solar já pode ser utilizada livremente para cozinhar e aquecer água.
Imagino que no futuro utilizemos várias fontes de energia renováveis, algumas
delas, sendo utilizadas sem uso de aparatos complexos, como geradores e
turbinas. Mesmo quando precisarmos de turbinas, a energia, possivelmente será
produzida em pequena escala e será descentralizada. Mais revolucionário ainda é
imaginar que um dia a humanidade se verá livre do desejo que tem por tanta
demanda energética, priorizando a luz da Lua, alimentos crus e banhos de rio no
verão. É um grande passo! Por enquanto, continuemos a propagar as pequenas
idéias revolucionárias que tanto modificam nosso estado de espírito e aumentam
a nossa auto-suficiência, como o uso do forno solar para nos alimentarmos.
Segue um vídeo abaixo sobre a revolução que um forno solar
trouxe na vida de uma família Sem-Terra.
Paz!
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