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Os Perigos do Óleo de Palma


Por: Camila Gomes Victorino

Errôneo aquele que acha que se torna mais livre ao acumular a liberdade dos outros, pois mais livre é aquele que doa liberdade.

Alta demanda leva a desmatamento e poluição, aliados
à exploração do trabalho. Fonte: Público
Você já ouviu falar do óleo de palma? No Brasil, o seu uso corriqueiro é recente e começou a se popularizar principalmente por conta da abolição ou substituição parcial da gordura trans, a qual é perigosa para a saúde (Morris et al., 2003). O óleo de palma é produzido a partir de uma palmeira que é cultivada principalmente no Sudoeste Asiático, região que abriga uma das maiores biodiversidades do mundo, com o conjunto de suas florestas tropicais únicas.
Se o óleo de palma é um substituto mais saudável à gordura trans, ele começou a apresentar grandes perigos para a floresta tropical do Sudoeste Asiático, mas não só isso: com o desmatamento da floresta, ele não está só levando espécies únicas à extinção, como também está ajudando a liberar grandes quantidades de carbono na atmosfera, já que o solo destas florestas está sob turfa, a qual abriga muitos gases que contribuem para o aquecimento global, como o metano, por exemplo.

A sua batatinha frita e o seu xampu escondem trabalho infantil e
exploração animal. Fonte: TheAtlantic
Eu acredito que são os consumidores que têm o maior poder, em relação às grandes multinacionais, afinal, nós somos a maioria, entretanto, muitas vezes as pessoas não se informam, não sabem ou não se interessam pelos problemas que o simples ato de comprar um produto pode causar ao meio-ambiente e até em suas próprias vidas, assim, é importante conhecer o problema a fundo.
Vamos aos fatos: o óleo de palma destrói aproximadamente 2 milhões de hectares de floresta tropical por ano e a demanda por este óleo só cresce e chegará a dobrar até 2020 (fonte: ONG “Friends of Earth”). Estas florestas abrigam espécies endêmicas (ou únicas da região), como o orangotango e o tigre de Sumatra, além de todas as outras espécies de insetos, aracnídeos, anfíbios, répteis e peixes que nem são muito levadas em conta pelas estatísticas. Por fim, a destruição das florestas de Sumatra e Malásia, as quais estão sob base de solo de turfa, pode liberar cerca de 14,6 gigatons de carbono na atmosfera, o que equivale a um ano atual da emissão de carbono na atmosfera de todo planeta.

Produtos com óleo de palma não são vegans e nem éticos para com humanos.
Atualmente, eles colocaram os orangutangos na lista de animais em extinção.
Na foto: "Sem lugar para ir". Fonte:FightForRhinos
Atualmente o óleo de palma pode ser encontrado em biscoitos, salgadinhos, pães e outros alimentos processados, mas seu uso também é corriqueiro em cosméticos e produtos de limpeza. Por fim, o biodiesel é largamente produzido através do óleo de palma em países europeus. Moral da história: ingenuamente apontando uma solução para o petróleo, nós mal sabemos dos perigos que outro componente provindo da agricultura pode causar para o aquecimento global, para a biodiversidade e para o nosso futuro, afinal, nós dependemos da biosfera para sobreviver.

Não adianta substituir o óleo de palma por outro óleo, pois
este gerará desmatamento em outro local, assim, o ideal é
deixar de consumir a maioria dos produtos INÚTEIS produzidos
com óleo de palma. Fonte: CódigosÉticos
E como solucionar o problema? Bem, se você já se preocupa com o destino dos animais e seus direitos e já tomou a decisão de se tornar vegan, no futuro ou neste exato momento, saiba que a luta por um mundo melhor está só começando: óleo de palma, produtos que não provém de trabalho escravo e todos os outros objetos que contenham qualquer substância de origem animal, seja um alimento ou uma peça de vestuário, terão que ser substituídos por versões mais éticas. No geral, quando começamos este tipo de movimento nós nos damos conta de que é preciso boicotar quase tudo que consumimos, porque mesmo que não haja exploração animal, vegetal (transgênicos, no caso) ou do meio-ambiente, os produtos que usamos são responsáveis direta ou indiretamente pela exploração do trabalhador. Ou seja, é muito comum que algumas pessoas, por não conseguirem boicotar tudo, decidam por não boicotar nada, usando as falhas do movimento como desculpa, para continuar vivendo no comodismo. Não sejamos assim!
Antes de tentar substituir todos os produtos que sabemos ser danosos para a harmonia do planeta, existem soluções mais parcimoniosas, afinal o óleo de palma em si já é um produto que deveria ser um substituto mais ético à gordura trans.

Se livre dos industrializados e das inutilidades e liberte-se.
Na foto: "Dinheiro ou sementes". Fonte: Permatelemaiz
O problema da substituição é que a demanda desenfreada do consumismo e das inutilidades transformadas em necessidades crônicas continua a existir e claro que como a demanda é enorme, uma pequena plantação de óleo de palma não continua a ser inocente e se transforma em uma máquina de dinheiro, poder e destruição.
Desta maneira, seguindo a lógica, nós não podemos cair na falácia de que substituir é a solução, mas sim passar a boicotar o sistema como um todo. Evidentemente que não precisa ser de uma vez, até porque esta proeza é quase impossível, mas é preciso saber que muitas necessidades que temos são inúteis e muitas necessidades reais podem ser substituídas por soluções que crescem no nosso jardim.
Assim, vamos refletir sobre como nós podemos boicotar o óleo de palma, sem cair na solução de substituí-la pela batatinha frita com óleo de girassol, afinal, se todos fizermos isso, o nosso movimento transformará o girassol de inocente a destruidor de grandes ecossistemas, como vem acontecendo com o óleo de palma.

Como começar a mudar o mundo e boicotar o óleo de palma

Reaja. Fonte: Protest
1 – Primeiro leia os rótulos dos produtos industrializados que você costuma comprar. Se ele contiver o óleo, pense: eu preciso mesmo disso?
2 – alguns produtos que usam o óleo de palma não são exatamente necessários ou podem ser substituídos por vegetais que, muitas vezes, podem nascer na sua casa. Um exemplo de inutilidade é o xampu, o condicionador e grande parte dos cosméticos, que são mais uma necessidade provinda da publicidade do que da vida (leia). Já as substituições podem ser muito bem aceitas no caso dos produtos de limpeza, que facilmente são substituídos pelo limão, bicarbonato ou vinagre (leia:)
3 – No caso de alimentos, pense bem se você precisa mesmo daquele congelado ou daquele chocolate cheio de açúcar. Se quiser comer um doce ou um alimento saboroso, por que não tentar cozinhá-lo com vegetais provindos da agricultura orgânica, do seu quintal ou da feira mesmo?
4 – Depois de tentar fazer tudo isso e se o produto for mesmo necessário, aí sim procure substitutos mais éticos ao óleo de palma. O óleo de girassol é um ótimo substituto.
5 – No caso do biodiesel ele também é um grande poluidor (mal ou bem, as monoculturas que produzem os vegetais do biodiesel poluem), ou seja: que tal pensar em largar o carro pela bicicleta ou pelos seus pés, pelo menos nos fins de semana ou naquelas situações em que o percurso não é tão longo? E se você ainda estiver mais do que disposto, torne-se um ciclista ativista, se for possível. Por fim, opte por transporte púbico, se houver a possibilidade.

Liberte-se do sistema tornando-se auto-suficiente. Na foto:
"Permacultura: revolução disfarçada de jardinagem".
Fonte: Sector39
Parece que quanto mais adentramos no mundo da ação direta e do boicote, nós ficamos mais sem saída. Tudo parece estar pervertido, mas é por isso que a saída está na não perversão. Claro que no começo é complicado abrir mão daquilo que usamos desde crianças, mas também é extremamente libertador quando reconhecemos que não precisamos mais daquele produto para todo o sempre. Quando comecei a tentar parar de usar xampu, vivi uma fase difícil e quis desistir várias vezes, mas há um mês (depois de quase quatro meses), meu cabelo se ajeitou e eu me sinto mais livre de saber que não necessito mais deste produto e nem das multinacionais que o produzem. Isso não aconteceu só para o xampu! O veganismo me fez me sentir forte e mais livre. Eu sei que sou apenas um grão de areia, mas tenho certeza que neste exato momento todos que estão lutando por um mundo melhor, pois mais que não sejam um oceano, já podem ser considerados como uma pequena corrente marítima que começa a alterar o clima de todo o planeta.

Paz!

Mais ações
Além do boicote e anti-consumismo é possível assinar abaixo-assinados ou apoiar ONGs envolvidas com o tema. Conheça o trabalho da "Rainforest Rescue", que ajuda a diminuir o desmatamento de florestas tropicais em todo mundo. Para saber mais viste o site: www.rainforest-rescue.org/

Fonte
- Morris, M. C.; Evans, D. A.; Bienias, J. L.; Tangney, C. C.; Bennet, D. A.; Agarwail, N.; Schneider, J.;    Wilson, R. N. Dietary fats and the risk of incident Alzheimer diseaseArch Neurol. 2003;60(2):194-200.






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