Os Guerreiros do Clítoris
Indígenas Embera-Chami se unem para dar fim à circuncisão feminima. Fonte |
Os relatos de Waris Dirie sobre a mutilação de sua vagina e clítoris pela sua comunidade nos anos 80 foi um choque para o Ocidente, pois apesar de Simone de Beauvoir já ter descrito a prática de circuncisão feminina em seu livro “O Segundo Sexo” nos anos 50, somente no final do século XX é que se começou a dar importância a esta questão.
Atualmente,
a circuncisão feminina é vista com maus olhos ao redor do globo, mas muitos
países não a proibem e alguns só estão mudando a lei agora, como é o caso da
Nigéria. Apesar disso, todos sabem que ela é ainda praticada na África e Ásia e
foi uma surpresa para todos quando se descobriu que ela é também uma prática
comum de sociedades indígenas da América Latina em 2007. De fato, após a morte
de uma menina criança em 2007 na Colômbia, os médicos da criança relataram que
ela não possuía o clítoris e que este havia sido retirado por incisão na
região.
Embera-Chami se unem com sociedade civil para dar fim à prática de mutilação feminina na Colômbia. Fonte |
Na realidade,
o grande problema é que na comunidade Embera-Chami o sexo é algo extremamente
tabu, pois o casal realizava todo o ato no escuro e os homens eram proibidos de
saber como as crianças vinham ao mundo. Além disso, a prática da circuncisão
era realizada pelas parteiras no bebê menina por hábito cultural e, se não
morriam, as meninas cresciam sem saber que lhes faltava algo.
Como começou
A circuncisão feminina é geralmente praticada por parteiras da comunidade ou "feiticeiras" que vivem no deserto, em algumas comunidades africanas, indianas ou musulmanas. Fonte |
Atualmente,
acredita-se que a prática da circunsição na América Latina tenha surgido pelo
contato que os escravos indígenas do período colonial tinham com os escravos
africanos provenientes do Mali. Lá, os homens eram mercadores e ficavam meses
fora de casa e realizavam a prática da circuncisão como forma de impedir que
suas esposas ficassem “fogosas” durante sua ausência e os traíssem. Como os
Embera-Chami eram também uma tribo nômade, os homens decidiram apoiar a prática
para “controlar” suas mulheres e ela se perpetua até hoje, somente com o adendo
de que os homens desta geração não sabem o que se está fazendo com o corpo das
meninas e as mulheres fazem a incisão sem saber o motivo, como parte de ritual de nascimento.
Parteira Embera-Chami participa de evento para educar sua comunidade contra a prática da circuncisão feminina na Colômbia. Fonte |
Controle as crianças e você controlará o mundo
Considerado
como a campainha do inferno por algumas seitas cristãs, o clítoris sempre foi visto como um tabu, pois proporcionaria à mulher a liberdade de ter prazer durante o
ato sexual. Assim, baseados na ideia de que uma mulher que sente prazer é uma
mulher livre, muitas culturas optaram pela mutilação dos genitais femininos
como forma de controlar o seu corpo e seus direitos reprodutivos, dando
ao homem o privilégio de controlar a taxa de natalidade de sua comunidade e
portanto as crianças.
Atualmente,
a prática de cicuncisão só existe em países que negam os direitos da mulher ao
extremo, como algumas sociedade muçulmanas ou outras extremamente religiosas. Apesar disso, é
possível que a prática seja mais comum do que se pensa, principalmente em
regiões onde houve o contato com culturas africanas, asiáticas ou musulmanas
antepassadas, como é o caso dos Embera-Chami. Assim, é preciso que os países da
América Latina fiquem mais atentos a estas questões, que quase passam batidas.
Após o escândalo na Colômbia em 2007, uma lei foi aprovada em 2012 tornando crime a prática da circuncisão feminina no país. Além disso, mais e mais mulheres e homens colombianos, indígenas ou não, começam a entender a questão e se movimentar para conscientizar a população e acabar com esta prática na América Latina. Vamos torcer para que ela seja abolida no mundo todo, mas antes é preciso que as pessoas reconheçam que ela existe, tomando as precauções para que ela seja evitada, caso se conheça algum caso suspeito. Conhecimento é poder.
A comunidade colombiana agora se dedica como equipe para erradicar esta prática no páis. Fonte |
Após o escândalo na Colômbia em 2007, uma lei foi aprovada em 2012 tornando crime a prática da circuncisão feminina no país. Além disso, mais e mais mulheres e homens colombianos, indígenas ou não, começam a entender a questão e se movimentar para conscientizar a população e acabar com esta prática na América Latina. Vamos torcer para que ela seja abolida no mundo todo, mas antes é preciso que as pessoas reconheçam que ela existe, tomando as precauções para que ela seja evitada, caso se conheça algum caso suspeito. Conhecimento é poder.
Para saber mais: recomenda-se a leitura do livro “A flor do
deserto”, de Waris Dirie. Há também o filme baseado no livro, de mesmo nome.
Leia também o nosso post especial sobre o filme e veja o trailer abaixo:
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