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O Veganismo É Um Radicalismo?

Por: Camila Arvoredo

Radical: algo que vai além dos limites do suportável. Será que o veganismo
é apenas fruto de lunáticos radicais? Fonte: HackneyCitizen
Não é só quem come carne que pensa comumente que veganos são pessoas radicais e totalmente desconectadas da realidade. De fato, é muito comum encontrar lacto-ovo vegetarianos que pensam assim também, o que os faz, inclusive, não optar pelo veganismo.
Este pensamento vem às vezes do fato de que veganos vão muito além da negação da carne como opção alimentar, deixando de comer qualquer produto de origem animal, como queijos, leite e ovos e boicotando, igualmente, produtos que tenham sido feitos de algum componente animal, como couro, lã, produtos de limpeza e cosméticos com glicerina animal, alguns plásticos e toda a enorme gama de produtos – quando conseguem – que possuem animais em sua constituição.

Ao contrário do que a maioria crê, a dieta vegana é a mais
saudável de todas, se bem planejada.
Fonte: Jornalismo Ponto net
Tais ações parecem ser o extremo de um indivíduo que, além de não conseguir boicotar tudo – pois quase tudo tem animal – ainda danifica sua própria saúde, que dirá de seus filhos.
Tristemente, este é o pensamento mais popular sobre o veganismo: algo radical e fora de contexto, entretanto, e para a felicidade dos animais, tudo não passa de preconceito e informações errôneas, capturadas de mídias ignorantes sobre os fatos científicos a respeito do veganismo.
Você sabia, por exemplo, que veganos têm menor chance de desenvolver qualquer tipo de câncer, até mais do que lacto-ovo-vegetarianos (Tantamango-Bartley et al., 2012)? Você sabia que dietas veganas são possíveis para crianças e que crianças veganas costumam ser mais saudáveis, com menor risco de obesidade, desde que sob dieta regulada, evidentemente1?

Uma das mentiras mais bem arquitetadas do século, o leite
aparece como prevenção, enquanto está levando a osteoporose!
Fonte: Liberte sua mente
São muitos fatos que não sabemos e mais interessante ainda é o preconceito relacionado ao leite de vaca. A publicidade parece que tenta forçar a falsa suposição de que precisamos de leite de vaca para obter cálcio e que se não o tomarmos – principalmente mulheres de meia idade – se corre o risco de desenvolver osteoporose. Como toda publicidade de toda empresa que quer lucrar em detrimento dos outros, tudo isso é pura mentira! Em primeiro lugar, existe uma série de alimentos vegetais ricos em cálcio, como gergelim e castanhas, mas mais importante do que isso é o fato de que a ingestão excessiva de leite leva a perda de cálcio em massa pelos rins, ou seja, beber uma substância repleta de cálcio e proteínas, todos os dias, em vários horários, como achocolatado, queijos, creme de leite, sorvete e outros, não faz com que você ganhe cálcio, mas o perca!

Segundo Grant (2012) comer menos proteína e cálcio, como fazem os veganos, não é ruim, mas ótimo para a saúde! De acordo com o autor, a alta ingestão de proteínas, através do leite e da carne, aumentam o risco de osteoporose e segundo Weikert et al. (2005), há uma maior incidência de fratura de bacia e pulso em mulheres idosas sob dietas com alta ingestão de leite.
Tomar Sol é a principal fonte de vitamina D, a qual pode ser
encontrada também em cogumelos. Fonte: Vou mochilando.
Eu citei artigos científicos para apontar que o veganismo não é só possibilidade de cabeças fantasiosas, mas é possível sob base científica. Mais, ele é mais saudável, pois diminui o risco de obesidade, diabetes, hipertensão, câncer e osteoporose. Claro que o veganismo deve ser feito sob a base de uma dieta bem programada. Por exemplo, Dyett et al. (2013) notam que veganos costumam ter deficiência em vitamina D2 e B12 e excesso de sódio. É importante, em qualquer dieta, de saber o que se está comendo e se algum elemento está faltando. A dieta vegana, por não conter nada de origem animal, não contém vitamina B12, a qual pode ser ingerida por suplementos de origem bacteriana3. A vitamina D pode ser obtida por banhos de Sol e o sódio, bem, este deve ser controlado, principalmente pelos veganos que ingerem excesso de fast food vegan.

Tomar leite significa apoiar a indústria de produção de
bife de bebê dos bebês machos que não darão leite.
Fonte: Serveg
Até aqui eu falei da possibilidade de se tornar vegano do ponto de vista da saúde. Vocês já viram que o veganismo não é um radicalismo neste ponto de vista e que a dieta não prejudica, mas ajuda ao organismo humano. Depois disso, eu gostaria de falar sobre um ponto mais delicado: o bem-estar animal.
Neste ponto o veganismo também não é um radicalismo! Muitos dizem que apenas parar de comer carne já é o suficiente para os animais e para o planeta, mas saibam que não é, o que pode ser surpreendente para alguns! Saibam, por exemplo, que mesmo se você deixar de comer carne, o leite que você bebe provém de muitas vacas torturadas. Estas, depois da tortura, vão ser mortas, quando não produzirem mais a quantidade de leite necessária para manter o fluxo de caixa das empresas leiteiras. O mesmo ocorre com as galinhas, que são mortas, quando não conseguem mais produzir ovos. Há ainda um ponto mais alarmante relacionado ao queijo: mesmo sem comer carne, o queijo é uma carne. Você sabia disso? O queijo, para ser produzido, precisa de uma enzima para coalhar, o coalho, que só pode ser obtida do estômago do bezerro. Vacas bebês são separadas para produzir leite, já bois bebês são mortos para produzir baby beef e queijo! Aqui vocês já vêem como parar de comer carne não é o suficiente, pois tudo está conectado: indústria leiteira, mais matadouro, mais queijo.

Um dos principais propósitos do desmatamento brasileiro é a produção de
soja para produzir ração animal. Fonte: Envolverde
Por fim, para terminar, muitas pessoas aderem ao estilo “vege” para ajudar ao meio-ambiente! Ora, se eu continuo a apoiar a indústria leiteira e de ovos, mesmo que não comendo carne, eu não estou do mesmo modo apoiando o desmatamento na Amazônia e Cerrado para produzir soja para alimentar o gado, porcos e aves? Pensem nisso!
O objetivo de meu texto, não é evangelizar os carnívoros e lacto-ovo-vegetarianos. Mais importante, eu pensei em mostrar que a falsa ideia do veganismo como um radicalismo não convém! 

Toda dieta precisa de organização e conhecimento. Aprenda a ser vegano,
aprendendo a se organizar e a se alimentar. Fonte: Alma de Golfinho.
A partir daí, vocês podem optar pela ação que lhes pareça melhor! Agora que vocês sabem que não precisam ter medo de optar pelo veganismo, pois este não mata, mas cura, é preciso dizer que é importante aprender a comer! Não vá virar vegano ou vegetariano sem a devida organização! A nossa cultura não sabe se alimentar direito! Nós não sabemos que ingredientes compõem nossos alimentos, quais possuem proteínas, vitaminas, carboidratos! Nós só comemos aquilo que nos parece gostoso, sem saber que às vezes estamos comendo câncer! Se você quer se tornar vegano e ajudar aos animais e ao planeta, o lacto-ovo-vegetarianismo pode ser uma opção de intermediação para ir se acostumando. Há pessoas que viram veganas de uma vez, mas lembrem-se de seguir os seus instintos, pois muitas pessoas viram vegetarianas ou veganas sem se organizar, comem muito mal e errado e depois voltam a comer carne, tornando-se ávidos inimigos da dieta e sempre argumentando: “Comer carne é necessário. Parei de comer e fiquei doente!”
A fênix é a metáfora de que devemos deixar morrer nosso
passado ignorante para aflorar um renascimento de
mais sabedoria. Fonte: Diário da Dunaz
Bem, se você comer errado, você vai ficar doente, em qualquer dieta! Se você quer mudar, será preciso ler, estudar, abrir-se para novos alimentos, como soja negra, tofu, ora pro nobis, castanhas, quinua como fonte de proteínas; leites de amêndoa e gergelim, como fonte de cálcio, espinafre, couve, brócolis, como fonte de ferro, enfim há uma infinidade de vegetais que desconhecemos por comermos mal e sem variedade!

A fênix morre para renascer mais forte! Devemos morrer, às vezes, e deixar nossos maus hábitos e nosso “eu” passado para trás! Morrer não é fácil, mas essa luta nos trás força para renascermos mais conscientes e mais responsáveis pelas nossas ações!

Paz!

Notas:
1 – Leia o artigo “Vegetarian and Vegan Children” da NHS Choices, para saber mais sobre os cuidados de dietas veganas em crianças. Disponível em: http://www.nhs.uk/conditions/pregnancy-and-baby/pages/vegetarian-vegan-children.aspx#close. Acesso em: 28/05/2013;
2 – Crowe et al. (2011) notam que a deficiência, em relação a carnívoros, só ocorre nos meses de inverno na Inglaterra quando não há possibilidade de realizar banhos de sol. Nos meses de verão, a diferença é mínima. Assim, deve-se atentar para os meses de inverno.
3 – Toda vitamina B12, mesmo a de origem animal provém, na realidade, de atividade bacteriana. Suplementar não significa que a dieta vegana é não-natural. Veja mais sobre isso em entrevista com George Guimarães.

Referências

CROWE, F. L.; STEUR, M; ALLEN, N. E.; APPLEBY, P. N.; TRAVIS, R. C.; KEY, T. J (2011). Plasma concentrations of 25-hydroxyvitamin D in meat eaters, fish eaters, vegetarians and vegans: results from the EPIC–Oxford study. Public Health Nutrition, 14(2), 340-46;

GRANT, J. D. Food for thought and health (2012). Canadian Family Physician. 58, 917-19;

DYETT, P. A.; SABATÉ, J.; HADDAD, E.; RAJARAM, S.; SHAVILIK, D. (2013)Vegan Lifestyle Behaviors. An exploration of congruence with health-related beliefs and assessed health incides. Apettite, 67(1), 119-24;

TANTAMANGO-BARTLEY, Y.; JACELDO-SIEGL, K; FAN, J. (2013) Vegetarian Diets and the incidence of cancer low-risk population, Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, 22(2), 286-94;

WEIKERT C, WALTER D, HOFFMANN K, KROKE A, BERGMANN MM, BOEING H. (2005) The relationship between dietary protein, calcium and bone health in women: results from the EPIC-Potsdam cohort. Annals of Nutrition and Metabolism;49(5):312-8.

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