Sementes Crioulas: O Que São e Como Elas Podem Salvar o Futuro
Por: Camila Arvoredo
As sementes estão cada vez mais sendo aprisionadas e com isso, nossa liberdade também se esvai. Fonte: Gaia.org |
Nós nascemos em um mundo em que sempre reclamávamos daquelas
sementes da melancia, das sementes do suco de laranja que ficavam no suco, das
sementes de limão e outras. Nós nascemos em um mundo em que fizemos a
experiência do feijãozinho, trazendo de casa grãos de feijão e vendo-os brotar
na escola e nós nascemos em um mundo em que muitas crianças e adultos têm a
oportunidades de plantar uma semente de milho, de fazer uma horta no fundo da
escola e de fazer perceber o milagre da terra e de onde provêm os alimentos.
Plantar feijãozinho e criar uma horta pode tornar-se cada vez mais dependente das grandes empresas. Fonte: Sinodal |
Este era o mundo da década de 70, 80 e 90, mas este mundo
está acabando. Já na década de 90 nós começamos a notar que os limões do
supermercado não apresentavam mais as sementes e que muitas variedades de melão
e melancia vinham lisinhas, sem nenhum grão. Começamos a notar também que para
plantar determinados alimentos tínhamos que comprar sementes em supermercados,
todas elas pulverizadas com agrotóxicos. Começou a ficar difícil achar sementes
que vingassem dos frutos que comprávamos e começamos a notar um gosto diferente
nos alimentos, mais aguados, mais amargos e que até faziam a boca pinicar –
como no caso de algumas safras de morangos.
Tudo foi feito aos poucos para que não percebêssemos. Fonte: BetaniaCaneca |
Víamos nos noticiários que os agricultores começavam a
cultivar duas hortas: uma para seu uso pessoal, totalmente livre de agrotóxicos
e uma para a venda, cheia de pesticidas; e começamos a notar o espalhamento de
“Ts” nas embalagens dos alimentos, indicando sua procedência transgênica.
O processo foi lento, fazendo com que a maioria nem notasse
a modificação dos alimentos. Começamos a ficar dependentes das grandes redes de
distribuição de produtos alimentícios e começamos a adoecer mais
frequentemente, sem notar que tudo estava ligado. Atualmente, na Europa, um
projeto de lei está sendo alvo de muitos debates: a “Lei das sementes” obriga
os agricultores a registrar qualquer semente que não se ajuste a determinados
critérios de homogeneidade das sementes frequentemente comercializadas. Mas o
que isso quer dizer?
Nós somos o que comemos e é preciso estar atento para a manipulação e controle das sementes pelas grandes empresas, antes que seja tarde demais. Fonte: Encod |
Quer dizer que as sementes homogêneas, ou seja, aquelas
produzidas por grandes empresas como Syngenta e Monsanto, serão usadas como
padrão para a classificação de sementes e todas aquelas fora destes critérios,
como as sementes comuns do passado (sementes crioulas, sementes que provém dos
frutos etc) deverão sofrer catalogação e adequação junto a estes critérios, ou
serão ilegalizadas.
Sim, aquele mundo em que plantávamos a sementinha do feijão
está mudando e cada vez mais, nós começaremos a depender de grandes empresas
para plantar o alimento. Mas o que eu tenho a ver com isso? - alguns se
perguntam! Afinal, estamos acostumados a comprar comida no supermercado, mesmo!
Bem, se essa lei for aprovada e começar a se propagar para
outros países, os agricultores orgânicos e aqueles que usam sementes crioulas
não poderão mais vender seus produtos, o que faz com que toda a fonte de
alimentos passe a ser aquela provinda das sementes das grandes empresas. Como
essas sementes sofrem, na sua maioria, manipulação, os alimentos que comprarmos
no supermercado ou feiras, começarão, cada vez mais, a apresentar-se sem
sementes ou transgênicos.
Conhecemos apenas um cor de milho e isto se dá pelo controle do alimento pelo qual nossa sociedade já passa. É preciso assim, lutar pela liberdade das sementes crioulas. Fonte: Sementecrioula |
Assim, será cada vez mais difícil achar sementes para
plantar no quintal, para criar uma horta ou mesmo encontrar alimentos sem
agrotóxicos e manipulação genética. Será mais difícil depender menos do
dinheiro e do sistema, pois o alimento, sendo essencial e agora dominado por
poucas empresas, nos obrigará a obter dinheiro para comprá-lo, sendo que antes
tínhamos a possibilidade de plantá-lo!
É claro que, hoje em dia, poucas pessoas plantam no quintal,
mas se elas começassem a perceber que plantar árvores frutíferas e fazer uma
horta, as faz precisar menos de dinheiro e consequentemente a trabalhar menos e
até a utilizar seu tempo extra para melhorar o mundo ou a si mesmo, isto não
seria mais possibilidade.
Além disso, nós não poderíamos protestar contra a
procedência e natureza do alimento. Se ele viesse cheio de veneno ou
transgênico, não teríamos escolha e seríamos obrigados a adoecer!
Entender o que é semente crioula é essencial para nossa liberdade. Fonte: Dodesign |
A questão é tão séria, mas tão séria que a mídia nem fala a
respeito! É tão séria que quase ninguém se pronuncia, pois vivemos em um mundo
ao contrário, onde o que é verdadeiro é falso e onde o falso é verdadeiro! Mas
podemos fazer algo! Este mundo de dependência plena ainda não chegou!
Existem muitos grupos produtores de sementes crioulas que produzem
e dispersam sementes para os agricultores e existem muitas pessoas que já
começam a perceber que se alimentar de orgânicos e boicotar transgênicos não é
só questão de saúde, mas questão de liberdade! Boicotar esta engrenagem e
protestar contra estes projetos envolvendo dinheiro e poder é algo que podemos
fazer! É algo que devemos fazer para, no futuro, não criarmos uma sociedade de
apáticos, alimentados com veneno.
Vamos nos unir! Deixo dois links de petições contra a “Lei
das sementes”.
Em homenagem à semana da permacultura, desejo a todos os
leitores, boa sorte, pois existe muito trabalho a fazer, mas lembrando que a
solução ainda está ao nosso alcance!
Paz!
O Veneno Que Nos Alimenta – Primavera Silenciosa – Dica de livro
Abaixo-assinados contra lei da semente
Bad Seed
Law –
Let us keep
our seeds (Avaaz) - http://www.avaaz.org/en/petition/We_dont_accept_this_Let_us_keep_our_seeds_EU
Fonte: Anonymouspt |
Marcha
contra a Monsanto
Dia 25/05/13, às 15h. Visite a página para obter informações
sobre o local mais próximo de sua cidade onde se realizará a marcha ou
participe virtualmente.
Projeto "HISTÓRIA AO CONTRÁRIO", clique aqui para saber mais!
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