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Afinal, quando foi que Deus virou homem?

Por: Camila Arvoredo

As mulheres iluminadas foram apagadas da história não sem motivos.
 Fonte: hdwallpaperzblogs
Quando seguimos o caminho da iluminação mística uma das primeiras ações que realizamos é procurar exemplos históricos e lições seguidas pelos mestres. É fácil notar que, com o passar do tempo, não há vestígios de mestras nos relatos históricos. Estariam as mulheres impossibilitadas de alcançar a iluminação? De fato, muitos se perguntam isso, ao não avistarem vestígios de mestras iluminadas na história, e alguns, com base nisso,  até respondem, inclusive, que não é possível: "às mulheres não é destinado o caminho da iluminação e para que estas cheguem lá, é preciso nascer de novo no corpo masculino". 

Bem, não é de hoje que religião é sinônimo de patriarcado, machismo e opressão do sexo feminino e quase todas as religiões excluem as mulheres ou as separam dos homens e até mesmo nas religiões mais igualitárias, geralmente são os homens que professam e mulheres, na maioria dos casos, estão abaixo de algum homem na hierarquia. Para estas religiões, que são quase todas, eu deixo meu silêncio, pois elas são, atualmente, somente esqueletos materializados do conhecimento deturpado. Primeiramente, quando se fala de amor, tratar de hierarquia já parece paradoxal e, em segundo lugar, o poder de uma metade da humanidade sobre a outra já faz desconfiar que estamos vivendo no meio de falsos profetas. Entretanto, existe ainda o espiritualismo e o misticismo não institucional e muitos de seus seguidores, apesar de se manterem atentos, são contaminados por alguns ensinamentos errôneos de seus mestres sobre a natureza passiva da mulher ou principalmente ao que se refere ao relacionamento entre os sexos.

A ideia de que Deus seria macho reforçou-se em nosso
inconsciente, devido ao estirpamento de seu lado
feminino. Fonte: RafaelNobre
Todo este discurso é propagado desde que nascemos e parece algo tão natural que aqueles que seguem algum caminho espiritual atravessam ensinamentos errôneos sem se questionar. Todavia, trata-se apenas de deturpação e senão de uma campanha contra a natureza feminina da Totalidade Sagrada*. Assim, muitas mulheres, Budas e iluminadas, foram apagadas da história e até mesmo na internet é difícil encontrar relatos de suas vidas. Tendo em vista a deturpação histórica da retirada da mulher como parte da divindade, a sessão “HISTÓRIA AO CONTRÁRIO” fará uma série especial de 14 textos sobre a existência de 14 Budas mulheres que não só ensinaram, como viveram em um período da história humana em que mulheres ainda não deveriam prestar contas aos monges homens na hierarquia budista. Além disso, passaremos a adicionar, conforme o tempo, figuras femininas existentes em outras religiões – todas patriarcais – e procuraremos discutir, com seus exemplos, não só o conhecimento que elas aportaram, mas sobre a relação que a mulher e o homem têm, devido justamente à deturpação da natureza da divindade – relação esta, fundada praticamente em tabus religiosos ensinados em nossa infância.

Sim, elas existiram e seu esquecimento foi proposital.
Fonte: Barros Anderson
Ademais, adentraremos na história do porque da natureza feminina da divindade ter sido excluída e o papel disso na escravidão do sexo feminino na história humana em quase todas as culturas. Fiquem atentos a esta emocionante aventura do redescobrimento da história! No primeiro post da semana que vem falaremos sobre Kisagotami, a Buda que acompanhou Sidarta Gautama em sua empreitada para dispersar os ensinamentos budistas pela Índia de sua época.

Para meus leitores ateus digo que este tipo de assunto parecerá não ter muita importância a não ser do ponto de vista histórico, porém imagino que hoje o ateísmo seja, em parte, revolta contra o ódio pregado pela falsa religião e falta de compreensão de como a violência que impera no mundo pode fazer face a um Deus tão poderoso e bondoso. Para estes, deixo aqui o meu conhecimento sobre misticismo para que eles possam, se assim quiserem, compreender que toda a sua ira é mais destinada à deturpação dos ensinamentos e principalmente à nevoa do preconceito patriarcal do que à verdadeira metafísica do auto-conhecimento. Sendo assim, é importante considerar aprender sobre todas as faces do conhecimento humano - mesmo os que provêm do misticismo - para podermos aumentar a nossa compreensão de nós mesmos e do mundo.

Para quem se interessar sobre a reviravolta entre a passagem da sociedade da Deusa para a do Deus, sugiro a leitura do post: Dica de livro - O cálice e a Espada.

Em nosso inconsciente coletivo Deus (macho) criou o homem (humanidade)
à sua imagem e semelhança. Completou-se o apagamento da mulher como
sujeito divino. Fonte: WetThink2
* Usei o termo Totalidade sagrada para representar a palavra “Deus” aqui no texto. Isto se deve ao fato de que em nossa língua não existe um gênero para seres assexuados ou hermafroditas. No caso, em nossa língua, Deus é uma palavra de gênero masculino, o que não condiziria com sua natureza dúbia de macho-fêmea. Sendo assim, para não continuar propagando, mesmo que inconscientemente, a ideia de uma figura macho de Deus, optei por este termo neutro que, apesar de feminino, não lembra, em nossas mentes, algo que é totalmente feminino.


Paz!!

Projeto "HISTÓRIA AO CONTRÁRIO", clique aqui para saber mais!

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