A guerra contra o feminino - por que a sociedade teme tanto as mulheres?

As pessoas imaginam que quando alguém agride o outro é porque o desafia, sem o temer. Muito pelo contrário! De fato, a agressão é uma forma de defesa irracional, desencadeada pelo medo. Agredimos alguém porque temos medo dele, medo de seu poder. Será este o motivo de tanta agressão dos homens contra as mulheres? Qual seria a melhor explicação?
Parece até
piada de mal gosto pensar assim, afinal com tanta agressão e opressão por parte
de toda uma estrutura montada e representada por homens e para homens, nunca
pensaríamos que por trás disso tudo existe apenas medo; um receio mesmo de uma
força oculta, que eles, com todo o poder que construíram e acreditam ter,
tentam oprimir e mesmo extinguir.
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As mulheres educam as novas gerações humanas, mesmo que não sejam mães. |
Temem o
quê? O que tanto temem nas mulheres? A resposta pode ser reveladora: as
mulheres é que geram e mantém a vida no planeta, sendo ou não mães e mesmo que não tenham ciência disso.
Vamos aos fatos: toda a humanidade está um caos, as pessoas matam umas às
outras, envenenam seu próprio alimento e poluem a água que mata sua sede. Tudo
isto não parece um pouco contraditório? Um pouco irracional? Sim! Não faz
sentido nenhum.
A verdade é
que o mundo e as pessoas estão todas doentes e isto acontece porque uma fase
muito importante da vida é abandonada pela sociedade: a fase de formação do ser
humano. Atualmente, ninguém se importa muito com esta fase e vemos isto no fato
de que a parcela da humanidade mais preocupada com a infância é aquela que é a
mais oprimida. Estamos falando das mulheres. Não me entenda mal. Eu sei que
homens e mulheres deveriam se tornar igualmente responsáveis pela nova geração,
mas o patriarcado não se interessa por elas, ensinando aos homens (que se
transformarão no topo da cadeia alimentar) a desvalorizar a infância e ensinando as mulheres que est aé sua única função no mundo.
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O papel dos homens na sociedade é controlar e dominar e, para tal, eles não serão ensinados a amar, pois não é possível destruir se há compaixão pelo próximo. |
O problema
disso tudo é que, ao desvalorizar a educação dos novos seres humanos, os novos
senhores precisam colocar alguém no lugar para produzir mão de obra barata para
seu projeto futuro de sociedade do espetáculo. Oprimem as mulheres, então, as quais,
são ensinadas de que sua única função no planeta é a reprodução, o que,
todavia, se transforma em uma faca de dois gumes, pois, ao alienarem as
mulheres para esta função, indiretamente, eles lhes dão um poder enorme de
transformação do próprio patriarcado, o que se resolve, claramente, com a
opressão ainda maior das mulheres, de modo que elas continuem a dormir no sono
profundo da baixa auto-estima.
Ora, mas se
a infância é tão importante assim para a geração do novo mundo, não é óbvio que
o patriarcado se apossaria dela? Afinal, por que o patriarcado não tem
interesse na infância, se seu controle pode ajudar a trazer ainda mais escravos
para seu sistema?
Na
realidade, este sistema de opressão se interessa muito pelas crianças. Não é à
toa que se investem bilhões todos os anos em publicidade para o público
infantil. O problema é que nenhuma criança sobrevive somente com ódio e competição, valores intrínsecos do patriarcado. Pelo menos um pouco de amor é
necessário para fazê-la progredir como ser humano. Pelo menos alguém tem que ter cuidado um pouco daquela criança para que ela
sobreviva. Alguém tem que lhe dar alimento, água, ensinar-lhe a falar, mesmo
que de maneira parcial. Mas, como um novo senhor patriarcal, treinado a vida
inteira para odiar e competir, conseguiria fazer sobrviver uma criança, quando
ele não foi ensinado a amar e a ter compaixão? É aí que entra a educação
diferenciada dada às mulheres. Mantenha-se a ideia de compaixão e amor nas
mulheres (afinal, pelo menos um pouco é necessário), mas deixe claro que estes valores são banais e pouco importantes.
Mas, o
sistema é tão eficiente assim? Controlar
o pensamento e as ações das crianças, é controlar o ser humano do futuro e
quem, neste planeta, é responsável pela geração deste novo ser humano, pelo
menos nos primeiros anos de vida? As mulheres.
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Controle as mulheres e você controlará o futuro. |
Ou seja, se
você quer dominar o ser humano adulto, comece dominando suas mães; se você quer
formar adultos deprimidos, apáticos, pouco sensíveis e sem compaixão, comece
por controlar suas mães. E mais: se você quer adultos aos montes para sua
produção, comece por controlar os corpos das mães e a educação sexual dada às
mulheres.
Quando
olhamos para isso, dá para entender bem porque a direita é tão amãvel quando se
trata dos direitos de vida dos fetos. Políticas anti-aborto são extremamente
úteis para controlar o corpo das mulheres e, portanto, para controlar o número
de crianças que vêm ao mundo – principalmente, crianças não desejadas,
provindas de lares quebrados, pois quanto mais quebrado o lar que elas nascem,
maiores as chances delas se tornarem adultos que aceitam qualquer tipo de
trabalho ou ordem para sobreviver.
Então é por
isso que os homens temem tanto as mulheres? Não, não se trata somente da questão da infância.
Você
poderia me dizer que se a formação infantil fosse o problema, os homens
poderiam tentar controlar a educação das crianças nas fases em que não há mais
tanta necessidade das mulheres. De fato, em muitos páises isto acontece, mas o problema ainda continua no poder de influëncia da psique feminina nas mentes das crianças. Este poder feminino é uma das principais razões do medo que a sociedade tem da mulher livre. Afinal, por que a mulher liberta é tão poderosa?
O poder da mulher livre
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Por estar mais conectada com os ciclos da natureza, a mulher reflete a voz do planeta sobre nossa frágil condição humana. |
As mulheres
são selvagens por natureza e isto porque elas estão mais conectadas com os ciclos da vida. Pelo menos esta é a tese levantada pelo ótimo livro
“Mulheres que correm com os lobos”. Elas são o reflexo da natureza e seu
simples olhar evidencia nossa condição humana, de meros habitantes do planeta
Terra. A mulher selvagem evidencia ao homem e também às jovens mulheres de que
temos um começo e um fim. Ela aponta a verdade nua e crua da nossa pequenez,
enquanto candidato a senhor patriarcal e do planeta. Ela demonstra nossa fragilidade. Ela
nos tira do pedestal de arrogância que a nossa sociedade máscula e fálica nos aliena
a não ver.
Se olharmos
para a mulher selvagem, entendemos nossa missão no mundo. A dominação da
natureza, a dominação dos mais fracos, a dominação dos animais, tudo isto passa
a ser visto como irracional e estúpido; a destruição da Terra, da água,
da vida e da rede que nos mantém vivos passa a ser vista, sob nossos olhos, com
a intrínseca irracionalidade que é.
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A mulher selvagem é poderosa: ela sabe o que deve fazer e sobre seu poder intrínseco de espalhar compaixão. |
A mulher
selvagem cria a criança e lhe mostra nossa relação na rede. Ela nos mostra que
somos todos iguais, mas, acima de tudo, ela nos ensina que só podemos
sobreviver através do amor.
Não há vida
sem amor. Se não houvesse amor, nós, os recém-nascidos de anos atrás, jamais
estaríamos aqui para contar esta história; nós, nem mesmo conceberíamso a ideia
arrogante de que somos o topo da cadeia alimentar. Simplesmente, o poder da
mulher é mostrar, não através da fala, mas através das ações que ela mesma gera,
de que o único caminho para o desenvolvimento e sobreviência de nossa espécie é
o amor. Não há mais nada além do que este caminho.
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A sociedade de acumulação, dominação hierárquica e destruição dos mais fracos, jamais sobreviveria nas mãos de mulheres livres. |
Entretanto,
nossa civilização e seu sistema de dominação e acumulação jamais sobreviveria
com a libertação das mulheres. A sociedade de dominação em que vivemos
necessita das hierarquias e da escravidão. Ela necessita escravizar a natureza,
os animais e outros seres humanos. Ela jamais conseguiria progredir, se as
mulheres livres ensinassem seus filhos e inspirassem seus amigos e companheiros
a amar e a ter compaixão e este é o maior poder da mulher. Um poder tão temido,
que é mantido desde séculos aprisionado e cativo; um poder que é tão
aterrorisante que faz com que a própria sociedade tenha dado um jeito de fazer
com que a mulher esquecesse do quão poderosa é.
Mas, este
poder não pode ser destruído. Ele está apenas dormente. Nós mulheres
acordaremos um dia para o que somos realmente? Isto é o que eles mais temem,
mas não temamos mais! Acodermos para nosso poder. Porque assim que nos
rebelarmos e dermos basta para esta infâmia que é a tentativa de controle de
nossos corpos e nossas almas, a sociedade nunca mais será a mesma, nem para as
mulheres e nem para os homens. Não haverá mais dominação e aqueles que um dia quiseram
dominar, por conta de suas fraquezas renegadas, somente serão lembrados como os
loucos que um dia geriram o grande hospício da civilização passada.
A todas às mulheres, aos homens e às crianças
que um dia tiveram coragem para dizer o quão loucos estamos. A todas às
mulheres, aos homens e às crianças que um dia sofreram ou morreram para que
acordássemos do sono profundo da violência banalizada. Acordemos! Por que o
novo mundo só depende de nós!
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