(POESIA) Querida amiga planta
Querida amiga, sinto sua falta! Nem todas as pessoas têm a doce oportunidade de ter uma sincera amizade com uma árvore. Àqueles que não sabem ouvir poesias, calem-se no ceticismo frio de suas mentes congeladas e formatadas à voz da razão.
Querida amiga planta,
se eu tivesse antes podido
deter a ignorância dos homens
perdidos,
eu o teria feito!
E pude, minha amiga,
mas apostei no bom senso de
máquinas,
já desde cedo educadas,
mesmo direi formatadas,
a serem desleais.
Querida amiga,
como eu queria ter podido,
um dia ter detido
o corte de suas raízes perdidas.
Elas afundavam no solo em corrida
e
destruiam com vida
o pavimento da razão
Não pude, minha amiga,
pois apostei em algo que sua
presença digna
não causa mais reação!
Acreditei no homem e na mulher
autômatos,
todos homogeneizados,
vendados pela ambição.
Saí e voltei e
assim sem saída,
vi tuas vestes caídas,
folhas perdidas,
colorindo verde a rua sem coração
Os homens a tinham matado,
as suas raízes surrupiado,
retalhos atrapalhados
mais uma massa na multidão.
Colocaram-te em um caixão e
Moldaram-te com mil nãos!
Tuas raízes e folhas
tinham algo incrível
que podiam quebrar a alienação.
Tu mostravas liberdade,
crescendo para todos os lados,
quebrando e desmoronando relatos
de leis e suas soluções.
Os homens robôs nem mesmo a
interpelaram,
já resolveram logo pelo ato
funerário
cortar tuas doces mãos.
Ah, minha amiga!
Não poderiam eles e elas ter
entendido
o quão belo, se bem decidido,
é o ato de partida desta ilusão!
Ter os caminhos abertos,
percorrer os rochedos
incertos,
ser livre, demonstrando o
verdadeiro coração.
Ah, homens e mulheres máquinas,
que pensam nos minutos como corrida
de caça,
e vivem procurando por pão,
Pensem vocês no funeral
cometido,
no assassinato desmedido,
que forjaram suas mãos!
Assassinaram um irmão há muito
liberto,
que quando ao vento não é dado reto,
mostra em movimento a gentileza da intenção!
A liberdade do sujeito amanhecido,
que percorre o vasto desconhecido,
em busca de emancipação!
Querida
amiga planta,
velo por ti
Tua roupa não é negra,
mas seca, demonstrando a rouquidão.
A rouquidão da voz não dita,
de muitos autômatos que em vida,
quiseram ter podido dizer não!
Não ao assassinato do vento,
da árvore ao relento
e da luz em solução.
Se hoje se permite,
que a voz da floresta recite
as máquinas compram o não!
Mataram-te querida amiga,
queriam-te dócil e bendita,
em respeito âo formato
da pavimentação!
Mataram-te querida amiga,
queriam-te imóvel e vítima,
sem ter contato
com as vidas que pedem libertação!
Mataram-te querida amiga,
queiram-te frágil e ignóbil,
perante os egos sobressaltados
com ignorância e opressão!
Esqueceram-se eles
que tua palavra está nos
frutos que dispersaste,
com a ajuda dos mensageiros da
liberdade,
pássaros vívidos, esboçando arte
Os frutos, estes permanecem,
e quem me dera cada um destes
vir como vieste, amiga, a mim me
entreter!
Mostraste-me o caminho do vento,
que escondido ao relento
disse-me como era belo o ato do
saber!
Saber-te no ato rebelde,
quebrando as calçadas
pedestres,
em que seus frutos, talvez um
dia,
novamente irão crescer!
Querida
amiga planta,
despeço-me de ti!
No coração uma flor,
em forma de botão,
na mente um fruto,
crescendo fora do padrão.
E nas mãos, as raízes,
quebrando calçadas,
levantando folhas mal
interpretadas
que um dia podem levar à
emancipação!
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MINHA ARTE
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