(POESIA) Ponto Nulo
Eu queria
ter nascido homem
Ter nascido
branco
Um norte-americano
De todas as
classes soberano
Eu queria
ter nascido rico,
Viver rumo
ao abismo
E fingir
que nada sei sobre isso
Mas Deus
teve outros planos
E cá estou
eu usando panos
Sou mulher
E em
qualquer lugar que estiver
Sou vítima
de meu corpo
E minha própria fé
Se sou
magra, sou muito relapsa
Se sou
gorda, como mais que as calças
Se escolho
um homem, sou puritana
Se escolho
vários, rodo a baiana
Se sou
baixa, sou invocada
Se sou
alta, sou exagerada
Se dito
livros, chamo a atenção
Mas se leio
Contigo: submissão!
Se tenho
filhos, sou conformada
Mas se não
os tenho, sou rebelada
Se estou
nervosa, sou vermelho em prosa
Mas se
estou calma, sou meio que apática
Sou ponto
nulo, sem voz de razão
Qualquer coisa
que eu seja, sou baixo calão
Sou um
ponto nulo que não pode ser,
Pois uma
mulher nunca pode escolher
Enquanto o
homem existe em total comunhão
A mulher
deve ser pura submissão
Sou mulher
em qualquer lugar que estiver,
Sou vítima
das aparências
E de muitos
Josés
Mas Deus
teve outros planos
E cá estou
mudando os anos
Eu queria
ter nascido rico,
Viver rumo
ao abismo
E fingir
que nada sei sobre isso
Eu queria
ter nascido homem
Ter nascido
branco
Um norte-americano
De todas as
classes soberano
Mas passado
é passado, não há mais queria, agora é querer
Agora sou
outra e quero amadurecer
De ponto
nulo, emergirei aos quadrados
E em
progressão geométrica, darei uma
de profeta e mudarei todas as setas
Pois sim, é
mais fácil ser reta do que ser esperta,
Mas é por tantas
quaresmas que nós todas incertas
Mudaremos os
rumos, impostos, pelos grandes patetasDe ponto nulo, a mulheres com rostos. Fontes |
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