Saiba o que é Lowsumerism e ajude a salvar o meio-ambiente
O dinheiro é ruim ou nós o usamos mal? Fonte |
Para muitos
anti-consumistas conseguir viver sem dinheiro e sem consumir é um grande
objetivo de vida. Assim, muitas pessoas tentam migrar da cidade para o campo,
produzir sua própria comida e reutilizar os bens de consumo que já possuíam no
passado. Isto pode ser um caminho muito interessante, mas ao mesmo tempo pode
criar uma falsa ideia de que o dinheiro, assim como os bens de consumo e
tecnologias são errados e não têm serventia alguma para o ser humano.
A verdade é
que não é a tecnologia, as máquinas, os bens materiais e nem o sistema de troca
através de dinheiro que estão errados. O problema é como eles são interpretados
pela nossa sociedade e como eles são usados. Assim, atualmente, o dinheiro se
tornou uma espécie de Deus ou um objetivo por si só, tendo sua função esquecida
e a sua acumulação “custe o que custar” reverenciada (mesmo que você já tenha
tudo que precisa). Na mesma direção, a tecnologia se tornou uma espécie de
moeda de troca para o status e inclusão social e isto vale para situações em
que você não precisa dela, mas a compra mesmo assim só para estar na moda.
Vivemos em um extremo em que endeusamos o consumo apenas pelo consumo. Fonte |
É este
endeusamento do dinheiro e da tecnologia (ou fetichização) que faz com que
estejamos consumindo mais do que realmente precisamos, levando à crise
ecológica e social que já conhecemos. Desde os anos 70 já havia estudiosos
alertando sobre o problema do excesso de consumo e foi nesta mesma época que
surgiu um movimento-resposta, voltado para a proteção do meio-ambiente: o
anti-consumismo.
Existem
várias vertentes de anti-consumo, mas uma que é pouco abordada e que pode ser
bastante perigosa para as liberdades individuais é o ecofascismo. No ecofascismo
ocorre o oposto do capitalismo: a fetichização da pobreza.
N outro extremo, alguns abandonam toda tecnologia e dinheiro em uma espécie de demonização de ambos. Fonte |
Neste
sentido, a pobreza é endeusada pelo seu proprio valor e a falta de bens
materiais e a volta a sociedades não tecnológicas e comunidades pré-históricas
é visto como algo belo e reverenciado. Neste sentido, o anti-consumo não é algo
que deve ser feito na medida certa, ou seja, diminuído de modo que nós só
passemos a consumir o que necessitamos, mas ele é feito por ele mesmo, apenas
pelo prazer de não fazê-lo, pela sua idealização como valor humano.
O
anti-consumismo beira ao ecofacismo? Em alguns casos sim e isto é claro em
muitas comunidades que se afastam das cidades, que desprezam tecnologias,
dinheiro e as pessoas que as usam. Neste caso, tudo que tem relação com bens
materiais é excluído e renegado e quem consome é visto como opressor do
meio-ambiente e que deve ser eliminado (nem que seja da comunidade ou da
imaginação).
Nem oito nem oitenta
Nem homem das cavernas nem I-phone maníacos. Fonte |
Um dos
melhores e mais zens ditados da língua portuguesa, o “nem oito nem oitenta” tem
muito a nos ensinar. A realidade é que muitos anti-consumistas começaram a
perceber este extremismo excludente dentro do movimento e resolveram começar a
atuar dentro de outro setor. A palavra “Lowsumerism” não tem tradução para o
português. Poderíamos traduzir o termo como “baixoconsumismo” ou ir mais direto
ao que o movimento quer dizer: “consumo equilibrado”. De fato, a ideia do
consumo equilibrado afirma que é preciso refletir e consumir apenas o que é
estritamente necessário.
Refletir o consumo e consumir quando se precisa ou evitar consumir e criar. Fonte |
Por
exemplo: vamos imaginar que você tenha uma máquina de lavar de 10 quilos de
roupa. Você percebeu que só lava cinco quilos por semana e viu que existe uma
promoção de máquina de 6 quilos pela metade do preço. O design é maravilhoso,
ela é nova e você quer comprá-la, além de poder economizar água. Você decide
comprá-la e jogar a outra fora, mas usando dos preceitos do consumo equilibrado,
porém, você reflete e percebe que a pergunta certa não é “vale a pena a
promoção?”, mas “preciso de outra máquina?” e por fim: “vou economizar mais
recursos comprando uma máquina nova (e economizando água) ou guardando a velha
(e evitando produção de lixo)?”
A verdade é
que o consumismo equilibrado pretende fazer com que as pessoas voltem a
refletir sobre necessidades básicas e sair da alienação do “comprar pelo
comprar”, “comprar para acumular”, “comprar para ficar na moda” e sempre
esquecer do óbvio e importante: comprar porque se precisa. Dentro disso,
espera-se que as pessoas comecem a boicotar a excessividade de nossa sociedade,
o que diminuiria o impacto ambiental e social do consumismo.
O consumismo equilibrado pode ir além do
sistema capitalista?
É possível consumir apenas o necessário sem fortalecer o capitalismo. Fonte |
Aparentemente,
a ideia de evitar o consumo a qualquer custo é melhor, pois ao se excluir toda
forma de consumo, boicota-se todo o sistema capitalista de opressão. Neste
sentido, o consumo equilibrado poderia ser apenas uma fachada para manter o
capitalismo ad eternum em nossas vidas, pois ele seria uma estratégia de impedir
o apocalipse zumbi, ao mesmo tempo que mantém o sistema coca-cola. Será?
A ideia de
consumir equilibradamente não invalida uma sociedade mais justa e até
anti-capitalista. De fato, a ideia do consumo equilibrado não é consumir menos
no sistema capitalista para mantê-lo, mas pensar em estratégias que levem à
diminuição do consumo em qualquer tipo de sistema, sem que a sociedade te prive
das tecnologias que nos fazem ganhar tempo para apreciar a alegria de viver. Ou
seja, a ideia é criar uma sociedade que use a tecnologia para nos fazer ganhar
tempo para outras tarefas (como meditar, fazer artes, compor músicas e brincar
de amarelinha, por que não?), mas que use esta tecnologia para produzir apenas
o necessário para a nossa sobrevivência. Ao mesmo tempo, a produção de bens
será feita com total qualidade, acabando com a obsolência programada (veja post
aqui) e gerando produtos que não quebrem em duas semanas - como comumente
ocorre - podendo durar centenas de anos ou mais. Concluindo: a produção de bens
é à serviço da humanidade como um todo e não à serviço da acumulação de capital.
No fim, a
humanidade poderia ter um futuro maravilhoso em que viveria livre dos trabalhos
mais pesados de sobrevivência, ganhando tempo de sobra para criar, refletir e
conviver. Não será neste momento então, quando tivermos tempo para adquirir
sabedoria, que nos perceberemos os guardiões da vida do planeta e não seu
oposto?
Leia o
texto: “Humanidade: guardiões do planeta” para saber um pouco mais sobre o que
seria a nossa função no mundo.
Veja o filme Lowconsumerism abaixo para
inspiração.
Labels
REFLEXÕES
Post A Comment
2 comentários :