Alô? Saiba Como Seu Smartphone Está Destruindo O Planeta
Por: Camila Gomes Victorino
Do que é feito um Smartphone ou
um tablet, um computador? Nós podemos pensar no plástico, nas baterias e nos
circuitos, mas se formos mais além ampliaremos nossa compreensão para dois
grandes vilões do meio-ambiente: o petróleo e as mineradoras.
Quantos celulares vocês já jogou no lixo? Para onde ele foi e qual foi o custo disso? Fonte: UsedCell |
Nós já temos uma ideia clara do
que o petróleo pode fazer, mas e no caso das mineradoras? Bem, para fazer um
Smartphone você precisa de ouro, cobre, chumbo, prata e paládio. Nas baterias
precisa-se majoritariamente de lítio e para cada um destes metais é preciso
abrir uma mina.
De acordo com Mechi & Sanches
(2010), para abrir uma mina é necessário devastar as matas da região a ser
explorada e impedir a sua regeneração. Em seguida, é preciso destruir a camada de
solo fértil, sua microfauna e flora, expondo a região a processos erosivos. Por
fim, a exposição de sedimentos finos e metais do solo altera a qualidade dos
recursos hídricos do entorno e poluí a região com metais pesados. Está
boquiaberto? Tem mais! As explosões e as máquinas pesadas causam poluição
acústica e alteram a estrutura interna do solo e geram a suspensão de
partículas que poluem o ar, fora a queima de combustível fóssil para mover os
motores das máquinas.
O que está por trás da febre de troca de celulares, computadores e outros é aterrorizante. Fonte: Brasilan |
Bem, é assim que começa a
história de seu Smartphone, computador e outros aparelhos eletrônicos, mas
apesar disso ser extremamente danoso para o meio-ambiente e saúde pública, o
problema maior ainda é outro: a versão seis, sete oito e nove e a obsolência
programada.
Vamos pensar: mineração sempre
existiu e de fato, alguns utensílios simples, como panelas, provém de metais. O
problema é que no meio do século XX, a ideia de obsolência programada começou a
florescer e os produtos começaram a tornar-se obsoletos cada vez mais rápido.
Atualmente, tudo quebra muito fácil e mesmo que você tente resistir, um novo
modelo de celular sai a cada ano ou dois e o seu se torna obsoleto em dois e
três anos, pois os softwares e apps acompanham os novos modelos. Enquanto isso,
o frenético consumismo das sociedades modernas gera um lixo eletrônico tão
potencialmente perigoso e gigantesco, que boa parte dele é exportado para
países sub-desenvolvidos na África. Desta demanda, surge também o aumento da
necessidade de cavar cada vez mais fundo e de se devastar cada vez mais
florestas em busca de minérios. Ou seja: nós estamos destruindo o planeta e o
novo modelo de “Yes-phone” que sai nas lojas não é tão inofensivo como se
pensava.
E o que fazer então?
"O consumismo está em todos nós ou matando a todos nós". Fonte: Designyoutrust |
Parece que a humanidade inteira
não está conseguindo perceber o quão dependente da natureza ela é! Na década de
80 e 90, uma revolução ecológica aconteceu em uma ilha indonésia, devido a
problemas ambientais por parte de mineradoras estrangeiras (veja o filme aqui:
A revolução dos cocos). Por sua reação “desmesurada”, esta sociedade sofreu um
embargo econômico profundo, mas sobreviveu, à medida que desenvolvia sua
própria tecnologia sustentável e permacultural. A lição que tiramos daí é que
conseguimos viver bem sem mineração, sem celulares, sem altas tecnologias e
isso, eu digo, sem voltar à idade das cavernas. De fato, muitas necessidades
atuais foram criadas pela publicidade e assim, temos que tomar a decisão de se
apegar ou a um novo modelo de aparelho eletrônico ou aos recursos naturais. A
resposta parece até óbvia, mas muitas pessoas preferem tomar a pílula azul
(referência ao filme Matrix). Ou seja, é preciso agir e a ação começa pelo
anti-consumismo e pela adoção do “faça você mesmo”, desenvolvendo seus próprios
produtos caseiros e boicotando aquilo que não se pode fazer.
Saia da Matrix. Fonte: Mirror |
Mas eu preciso de um computador!
Bem, a ideia não é abandonar o computador, a internet, o celular, os tablets,
mas ter bom senso se eles realmente são necessários em sua vida e evitar trocar
todo ano de modelo, porque um “bem mais legal” acabou de ser lançado. De fato,
este modelo novo de hoje já está obsoleto na própria empresa. Eles só lançam em
doses homeopáticas para gerar mais faturamento. O planeta, entretanto, vai
morrendo aos poucos e todos nós sabemos que não poderemos viver de lixo eletrônico
e de papel moeda quando não houver mais recursos naturais potáveis.
A escolha é nossa e eu escrevo
porque acredito que ainda podemos escolher o lado certo. Abaixo, eu deixo um
vídeo de Steve Cutts, o mesmo autor do sensacional “Man” sobre o que a troca de
um simples modelo de celular pode impactar no planeta.
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