Sarala Devi – Dando Voz às Mulheres na Índia
Por: Camila Arvoredo
Sarala Devi foi a primeira mulher a dar voz a outras mulheres na Índia. Fonte: Wikipedia |
Mais conhecida como a musa de Mahatma Gandhi ou por assim
dizer “seu verdadeiro amor”, Sarala não só teve importante papel na luta pelo
desenvolvimento de políticas a favor da conscientização sobre a opressão contra
a mulher, como na própria conscientização de Gandhi sobre o papel predominante
do machismo na cultura de violência.
Gandhi, por mais que tentasse mudar a si mesmo e dar o
exemplo aos outros pelas suas ações não violentas, acabava por copiar costumes
opressores com relação a sua própria esposa, a qual, tanto quanto ele, fora
vítima do casamento infantil forçado, na época muito comum.
Ao conhecer Sarala, Gandhi não só pôde ver com o seu
exemplo, a mulher no seu esplendor de conhecimento e liberdade, como ver o
papel de suas ações cotidianas, para com sua esposa, na cultura da violência.
Sarala foi forte inspiração para Gandhi perceber o papel da libertação da mulher na não-violência. Fonte: SandeePreddy |
Além desse importante adendo, Sarala não serviu apenas como
inspiração, mas provinda de uma família financeira e intelectualmente rica,
pôde desenvolver uma série de talentos, como o canto e a dança, além de poder
estudar e tornar-se bacharel em literatura inglesa, em uma época em que era
pouco comum às mulheres terem a possibilidade de aprender a ler ou mesmo a contar.
Sarala fundou em 1910 a primeira associação de luta pelos
direitos da mulher na Índia, tendo como principal foco a alfabetização e
educação da mulher. Sua associação, a Bharat Stree Mahamandal foi extremamente
importante para a libertação da mulher na Índia, antes somente fadada ao
casamento. Atualmente, sua associação apresenta vários escritórios espalhados
pelo país.
A vida de Sarala Devi nos faz refletir sobre o papel que
qualquer tipo de opressão tem na construção de uma sociedade violenta. Muitas
vezes, imaginamos que a violência se resume ao crime a mão armada, ao
assassinato e nem imaginamos como este tipo de conduta poderia surgir na
sociedade. Porém, observando atentamente os atos das pessoas em seu dia a dia,
fica fácil entender que a violência não está resumida a alguns atos extremos,
mas antes, está embutida em nossos próprios atos e pensamentos!
Violentamos o outro com nosso mau-humor, com nosso
desperdício e com nossa conduta inconseqüente com relação aos nossos atos e a
nós mesmos! E no que se refere ao machismo, é certo que todos nós o praticamos
todos os dias, em nossos pensamentos, mas também com pequenas ações, como o
próprio ato de olhar reprovador direcionado a uma moça não tão vestida.
Atos pequenos, irrisórios, mas que se somados aos outros também
pequeninos, de todos os bilhões, transformam-se em nossa mente, em nossa
psicologia coletiva, em um ódio social, em atos de reprovação em massa, em
cenas como a do caso Geise Arruda, em leis que impedem mulheres de estudar,
como no Oriente Médio, em estupros em massa e crimes violentos contra um gênero
na Índia, por exemplo!
Uma das poucas mulheres a se formar em sua época, Sarala queria dar a mesma oportunidade às outras. Fonte: Blangarmati |
Sarala fez bem ao criar instituições que propiciassem a
reflexão sobre o papel da mulher na sociedade indiana. Por que a mulher não
pode estudar? Por que a mulher deve obrigatoriamente se casar? Perguntas que
naquela época seriam tabu, ainda hoje deixam suas marcas, pois há muito o que
fazer!
Mas, além disso, seu exemplo e suas ações levaram um grande
líder espiritual e grande mente dos movimentos de não-violência, Mahatma
Gandhi, a entender que a não-violência começa em nós, em nossas ações e que ela
vai se aprimorando quando passamos a não violentar o próximo, nossa esposa ou
filho, os animais que nos cercam, as pessoas mais pobres do que nós.
Tudo está interligado e é sempre bom lembrar que todo
pensamento do mundo é o responsável pelo mundo que temos, afinal antes da ação vem
o pensamento e antes do pensamento, vem o quê? Um desejo, uma emoção contra
algo e não se sabe o que exatamente. A nossa força de vontade em prestar
atenção a nossas emoções, pensamentos e ações já é um bom caminho para diminuir
este grão de areia de violência que todos nós jogamos no mar da sociedade.
Um dia uma ação simples como essa, no outro, uma ação de
força como a de Sarala Devi.
Paz!
Mais ações de Sarala Devi podem ser vistas em: Blangarmati
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