Emily Hobhouse: contra os Campos de Concentração da África do Sul
Por: Camila Arvoredo
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Emily Hobhouse: apontando a crueldade onde ninguém via. Fonte: Awesome Stories |
Existem realmente muitas coisas que não sabemos sobre a
história. Às vezes, o hábito de ver apenas o mesmo nos faz ignorar alguns fatos
marcantes da história humana. Quem alguma vez pensou que no final do século
XIX, campos de concentração para mulheres, negros e crianças fossem construídos na
África do Sul? Quem imaginou que os ingleses, aqueles que aprendemos terem sido
os anti-fascistas da Segunda Guerra Mundial, teriam sido capazes de transformar em ferramenta de guerra o emprisionamento de mulheres, negros e crianças que poderiam ajudar seus inimigos, na guerra em que lutavam.
Estes campos de concentração foram fruto da Segunda Guerra
Bôer, entre ingleses e bôeres – descendentes dos colonos holandeses que
habitavam a região da futura África do Sul. No final da guerra, a guerrilha
contra os ingleses, fez com que estes tomassem medidas extremas, destruindo
qualquer ajuda que pudesse beneficiar a guerrilha. As águas foram envenenadas,
as plantações destruídas e todos aqueles que pudessem ajudar os guerrilheiros
foram capturados e alocados em campos, sendo estes constituídos
majoritariamente de mulheres e crianças. Mais de 26.000 mulheres e 24.000
crianças padeceram nestes campos, sem contar os campos para negros, com piores condições àqueles dos brancos.
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Os campos de concentração da África do Sul matavam milhares de crianças por fome e doenças simples. Fonte: BenjamineairWicker |
Em 1901, Emily Hobhouse, inglesa e delegada do South African Women and Children's Distress Fund (Fundo de Socorro de Crianças e Mulheres da África do Sul) foi visitar
alguns destes campos e voltou à Inglaterra com a resolução de mobilizar a
opinião pública contra aquela prática.
Além de divulgar
estes fatos, Emily ainda utilizou o poder político de sua família para
conseguir suprimentos extras para sanar a fome dos prisioneiros. Infelizmente,
ela conseguiu apenas um carregamento, o qual foi direcionado a um campo de
concentração. Por fim, suas visitas aos campos e seus relatórios pressionaram
os dirigentes a inspecionar os campos, que, por incrível que possa parecer,
eram vistos e anunciados por alguns membros do governo, como campos de ajuda a refugiados –
uma fachada bastante convincente.
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Hobhouse durante uma de suas visitas aos campos de concentração. Fonte: PiperBayard |
Devido ao
rebuliço de sua movimentação, ela voltou à Inglaterra sob duras críticas e não
conseguiu desembarcar na África do Sul, quando pensou em retornar. Voltou
apenas, após o final da guerra, várias vezes com a missão de ajudar as mulheres
e crianças do pós-guerra. Em 1903, na África do Sul, ela incentivou a criação
de indústrias familiares e a educação da mulher e de crianças. No final de sua
vida, foi uma forte opositora da Primeira Guerra Mundial e mobilizou-se pela
criação de órgãos humanitários para as vítimas da guerra. Após a guerra, suas
ações repercutiram na alimentação de milhares de
pessoas famigeradas pela
destruição das cidades europeias.
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É preciso que as mulheres aprendam sobre os exemplos que outras deram no passado. Elas também fizeram a diferença. Fonte: Harvard |
Saber da
existência de Emily Hobhouse nos leva a várias reflexões: primeiramente o fato de
que existiram muitas mulheres humanitárias que ajudaram e foram veementemente
contra a prática da guerra. Quem já ouviu falar delas? Estão no esquecimento, sem se importar com isso, mas apenas com o fato de terem salvado muitas vidas.
Outra importante questão é saber que campos de concentração não foram invenções dos fascistas e que eles já eram usados muito antigamente e em várias guerras. Por fim, somente a vida de Hobhouse já demonstra que a história que conhecemos não é aquela que deve ser considerada, visto que muitas coisas foram apagadas, algumas deliberadamente.
Acompanhe a coluna "História ao contrário" para saber mais sobre a história apagada.
Outra importante questão é saber que campos de concentração não foram invenções dos fascistas e que eles já eram usados muito antigamente e em várias guerras. Por fim, somente a vida de Hobhouse já demonstra que a história que conhecemos não é aquela que deve ser considerada, visto que muitas coisas foram apagadas, algumas deliberadamente.
Acompanhe a coluna "História ao contrário" para saber mais sobre a história apagada.
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