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Meera Bai, A Mestra Iluminada Apagada da História

Por: Camila Arvoredo

Meera Bai dedicou sua vida às artes, em nome
de sua busca espiritual.
Fonte:Flickrhivemind
Meera Bai foi uma compositora e poetisa que viveu de 1498 a 1547 antes de Cristo. Nasceu em uma província indiana e desde pequena apresentou aptidão para as artes, usando como fonte de inspiração o misticismo da vida de Krishna. Era de família nobre e é fato que possivelmente sua condição social a tenha permitido aprender música, artes em geral e a ler e a escrever, em um país em que ainda hoje, muitas mulheres não têm esta possibilidade, ou pela pobreza, ou devido ao preconceito.
Não coloquei Meera Bai como exemplo ao acaso, mas sim porque seu caso é interessante em um contexto em que praticamente todos os grandes avatares religiosos que conhecemos são homens (Buda, Cristo, Maomé, Krishna etc). As Santas podem ser consideradas como exemplos contrários, mas quando se trata de influência, tanto no Ocidente quanto no Oriente, são os Santos e iluminados homens os mais conhecidos, pouco se falando daquelas mulheres que procuraram também a iluminação ou um entendimento maior de Deus em nosso mundo.

No caso, Meera Bai é um dos poucos modelos de raras mulheres que resolveram não só seguir o caminho religioso, mas contestá-lo, de modo que assim pudessem compreender melhor as questões existenciais que se colocavam. Sendo assim, Meera Bai, não se filiou somente a uma instituição religiosa de sua época, mas contestou-a, apontando inclusive, para o papel submisso que a mulher apresentava nas religiões e ensinando diferentemente a história de Krishna (Bhagavad Gita), em que a mulher estaria em pé de igualdade para com o homem, aos olhos do Ser Sagrado.
Apesar de dever seguir o papel a que seu sexo era condicionado,
Meera nunca desistiu de buscar a espiritualidade.
Fonte: Chittorgarh
Conta-se que Meera casou-se forçada, como era de costume em sua época. Ela esposou um homem de sua casta, por casamento arranjado em seu nascimento, mas nunca foi contente com isso, pelo fato de desejar seguir os passos da iluminação desde criança. Seus pais, sendo contrários, a forçaram ao casamento e mais tarde, quando seu marido morreu – somente quando tinha seus vinte e poucos anos, Meera enfrentou o preconceito por parte da família de seu esposo e passou a andar sozinha pelas ruas e dançar pelos vilarejos em nome de Krishna. Além disso, eles não aprovavam sua criatividade para as artes, suas composições e poesias, pois naquela época a mulher iletrada era mais conveniente para manter a honra da família.

Conta-se que Meera, finalmente pôde
seguir o caminho espiritual, após a morte
de seu marido.
Fonte: Vishwananda love
Como a história é antiga, existe muito de mito sobre a vida de Meera Bai. Conta-se que, ao final de sua vida, Meera, já viúva, decidiu seguir o caminho espiritual que sempre quisera e tornou-se discípula de Krishna, viajando através dos vilarejos e muitas vezes contestando mestres religiosos que apareciam em seu caminho, como um mestre de sua época, que recusava-se a encontrar-se frente a frente com uma mulher.
Em um mundo em que a maioria das pessoas já não se importa mais com o cultivo da espiritualidade, o exemplo de Meera Bai talvez não seja tão empolgante. Entretanto, tendo em vista a possibilidade de que a espiritualidade seja, de fato, tão importante quanto o cultivo do raciocínio, exemplos de mulheres que também buscaram seguir seu próprio caminho espiritual são de extrema relevância, já que não faltam líderes religiosos afirmando a impossibilidade da iluminação da mulher, simplesmente pelo fato dela ser mulher.
Não quero entrar na questão da iluminação ser possível ou não, mas sim na questão de que a falta de informação e o ensino de uma história masculinizada faz com que as pessoas, pela falta de exemplos, passem a biologizar determinados comportamentos, simplesmente porque nunca ouviram falar de uma tal pessoa índia, mulher, negra etc ter realizado tal feito.

Quantas Budas mulheres não existiram, sendo apagadas
da História? Fonte: ClauPositive
Deixo esta reflexão e noto que não foi só Meera Bai – mesmo lutando contra todo o preconceito e as imposições reprodutivas – a única mulher que também buscou a luz da iluminação. Quantas Budas mulheres não existirão e existiram por aí, sem que saibamos? E quantos preconceitos formamos, educando nossas crianças, simplesmente por não conhecermos estes exemplos na história?

Segue abaixo um dos poemas de Meera, traduzido para o inglês:
That dark dweller in Braj
Is my only refuge.
O my companion, worldly comfort is illusion,
As soon you get it, it goes.
I have chosen the indestructible for my refuge,
Him whom the snake of death will not devour.
My beloved dwells in my heart all day,
I have actually seen that abode of joy.
Meera's lord is Hari, the indestructible.
My lord, I have taken refuge with you, your maidservant

Namastê!

Clique aqui para saber o objetivo da sessão "HISTÓRIA AO CONTRÁRIO".

Sugestões de nomes de mulheres apagadas, etnias ou povos são sempre bem-vindas. Mande sugestões através dos comentários.

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2 comentários :


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