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Vestidos Para Viver - O Lado Não Fútil Da Moda

Por: Camila Arvoredo

Pai usa saia para não constranger opção do filho de usar vestido.
Fonte: Metro1
Recentemente vi uma reportagem sobre um pai que decidiu apoiar a opção do filho de usar roupas femininas. Seu filho, de apenas 5 anos, não entendeu o porquê de somente mulheres usarem saias, vestidos e apetrechos brilhantes e coloridos, fazendo questão de utilizá-los também. Sem conseguir convencê-lo do contrário, o pai e a mãe, ao invés de reprimi-lo e obrigá-lo a se vestir como um “homem” fizeram diferente: apoiaram o filho, o pai decidindo usar também saias e vestidos pelas ruas.
O choque foi tal que muitas pessoas passaram a se perguntar sobre os papéis estabelecidos e sobre o poder que as roupas têm de mudar determinados contextos na sociedade.

Punks mudaram seu estilo de vestir como forma de protesto.
Fonte: Wikipedia
As roupas, todos sabem, foram grandes precursoras de mudanças de status quo em nossa sociedade. Assim, mulheres vestiram calças pela primeira vez para lutar por igualdade, homens passaram a usar roupas coloridas e brilhantes nos anos sessenta para questionar valores patriarcais e punks se vestiram para chocar e questionar a sociedade bélica e de consumo em que viviam.
Além destas formas de protesto, existem outros modos das roupas aparecerem e mudarem contextos sociais. Atualmente, a origem e o material com os quais as roupas são produzidos são duramente questionados por pessoas mais conscientes e que almejam a mudança para uma sociedade mais justa.

Roupas de peles são símbolos de poder, mas não respeitam
a vida e o meio-ambiente. Fonte: ANDA
Roupas feitas com petróleo, apesar de serem mais baratas, além de poderem causar alergias, demoram mais para deteriorar quando jogadas fora; roupas feitas com peles de animais (incluso o couro) menosprezam os direitos de vida de outras espécies; roupas de algodão, materiais transgênicos ou que foram cultivados sob agrotóxico ajudam a poluir o meio-ambiente e a degenerar relações ecológicas entre várias espécies.
Mas não é só isso. Atualmente, uma série de empresas de varejo ligadas à venda de roupas foi acusada de empregar trabalho escravo para a confecção de peças. Aparentemente baratas, as peças vendidas por estas grandes companhias têxteis de varejo escondem uma origem sombria: muitas empregam imigrantes recém-chegados da Bolívia, Peru e Equador e usam sua ingenuidade e fragilidade iniciais para diminuir os custos de seus produtos.
Mas o que fazer com tantos problemas envolvendo roupas em nosso país? Se você não é rico para somente comprar produtos com selos orgânicos, não transgênicos, produção humanitária e ética com os animais, as opções diminuem consideravelmente, porém existem ainda saídas pouco exploradas que, além de evitarem a compra em empresas corruptas, ainda nos ajudam a evitar o consumismo desenfreado e a gerar menos lixo.
Recentemente, familiarizei-me com os brechós virtuais. Sempre considerei brechós como locais longínquos, presentes somente em bairros de elite das grandes cidades e contendo roupas velhacas dos anos 40. Com a internet, mudei meu ponto de vista, ao conseguir pesquisar em inúmeros brechós do Brasil afora.

Brechós são boas opções para evitar o consumismo
e diminuir a produção de lixo. Fonte: Segunda Mão
De fato, os brechós são lojas especializadas na venda e compra de roupas usadas, mas que ainda conservam boa qualidade. O valor das peças costuma cair muito, por serem usadas, mas a qualidade é equiparável a uma roupa nova. Existem vários tipos de brechós virtuais, alguns vendendo roupas de marcas e outros apenas vendendo roupas em bom estado. A maioria deles vende roupas femininas, mas encontrei alguns com roupas masculinas e infantis; existem, inclusive, até aqueles que vendem sapatos e bijuterias.
Claro que os brechós não vendem roupas orgânicas, mas, ao comprar deles, há pelo menos a possibilidade de se estar reutilizando um produto que iria para o lixo e aproveitando uma roupa de qualidade, sem dispender grande quantidade de dinheiro.

Ao comprar em brechós deve-se tomar apenas o cuidado de verificar a numeração e claro, de verificar se a marca da roupa não está envolvida com trabalho escravo ou qualquer tipo de tramitação não-ética. Além disso, é interessante saber o local em que o brechó virtual se encontra para diminuir o custo do frete.
Apesar dos brechós não serem muito conhecidos aqui, na Europa é bastante comum freqüentar este tipo de serviço. Pode-se vender uma roupa que não se usa mais e comprar também, diminuindo a produção de lixo e o consumismo. Nota-se que o brechó virtual é considerado boa opção pelo fato de que os presenciais se encontram somente em alguns pontos específicos das grandes cidades, entretanto eles têm a desvantagem de não permitirem o teste antes da compra, podendo acontecer destas não caírem bem depois. No meu caso, eu costumo arrumá-las, mas é possível também considerar levá-las à costureira, serviço menosprezado atualmente e que não costuma ser tão caro quanto parece.

Feiras artesanais são boas opções para sair do comércio
anti-ético. Fonte: Biblioteca Guarulhos
Quando possível, usar roupas artesanais também constitui-se como uma boa solução. Comprar roupas de feiras de artesanato ou sites especializados neste tipo de serviço também pode beneficiar o consumidor e uma série de pequenos artesãos espalhados pelo Brasil. Por fim, existe a possibilidade de fazer as próprias roupas em crochê, tricô ou costura, porém considero esta uma opção apenas para os amantes do artesanato e para aqueles que possuem bastante tempo, pois demora bastante para tricotar uma blusa. Sem mais, deixo ainda alguns links abaixo com lojas que produzem roupas com material sustentável e espero que um dia seja bastante comum que homens usem saias e roupas coloridas, em detrimento de sua opção sexual, e que mulheres não precisem usar roupas curtas e justas para se sentirem bonitas.

Abaixo sugiro alguns brechós com preços razoáveis e sites de venda de artesanatos e roupas orgânicas:

BRECHÓS

Bebês                                               Roupas em geral
Bazar das mamães                           Alice Usava
                                                           By Alessa
Crianças até 5 anos                         Brechó na Della
Valsa Leme Bazar                              BuscaBrecho
                                                            Ó lá em Casa
Bijuterias                                           My Secret Closet
Bazar da Fifi                                       Inspirar e Renovar
                                                           Brechó Chita Fina
Tamanhos Grandes                         Brechó Ale Chic
Gordinhas moda maior                       Não Usei tô Vendendo

ROUPAS E ACESSÓRIOS ORGÂNICOS E ECOLÓGICOS


ARTESANATO ONLINE        
                
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6 comentários :


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