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Série Fundação de Asimov - quando a educação emocional impera

Por: Camila Arvoredo

Hari Seldon, desenvolvedor da Fundação, aparece
para a humanidade futura, tentando evitar anos
de trevas tecnológica. A ética parece não ser
preocupação. Fonte: WikThor.
Imagine conhecer o futuro da humanidade daqui há mais de 100.000 anos? Como estaríamos? Imagine descobrir que conseguimos controlar a fabricação de pontes Einstein-Rosen, aquelas pontes entre o espaço tempo que nos permitem pular de um ponto a outro do universo, fazendo com que nem precisemos viajar a velocidades maiores do que a da luz.
Temos tudo: naves espaciais, civilizações de bilhões de humanos espalhadas pela galáxia e todo tipo de quinquilharia tecnológica, entretanto, do ponto de vista ético, estagnamos no século XX: continuamos a tratar um gênero como possuindo mais valor do que outro, ainda existem classes sociais e uma pequena elite detém o poder político e econômico, a ciência ainda deve se sustentar sob os interesses dos grandes imperadores e definitivamente, acabamos com todos os ecossistemas dos planetas que habitamos, afinal não há problema em acabar com eles, já que se destruirmos um planeta, temos centenas para colocar no lugar.
Este cenário não é fruto apenas de minha imaginação, mas sim é a história do futuro da humanidade contada por um dos maiores gênios da literatura de ficção científica de todos os tempos: Isaac Asimov.

Em sua série de livros da Fundação, Asimov conta a triste história do futuro da humanidade. Uma humanidade cheia de tecnologia e poderio bélico, mas aprisionada ao primitivismo das leis animais que ainda a governam. Apesar de ser fruto de seu tempo, no qual ainda não existia a relativa paridade de gênero que existe hoje e em que a grande salvação da humanidade era considerada a energia atômica e não a solar, Asimov, mesmo que não tenha feito propositalmente, aponta para um problema sério que se desenrola até hoje, em nossa atualidade: a crença de que a tecnologia pode nos salvar do inferno de nós mesmos.

Ao fundo de Hari Seldon, a cidade de Trantor
se mostra imponente. Símbolo do poder, ela
representa o domínio da tecnologia sob a
natureza. Fonte: JovemNerd
Guerras, apocalipses ecológicos, desigualdades, todas podem ser dribladas com desenvolvimento tecnológico, discurso este, aliás, que é freqüente dentre aqueles que são contra o desenvolvimento de políticas ambientais emergenciais, afirmando que quando não houver mais solução, uma nova tecnologia surgirá para reavivar as águas, as florestas e o ar.
Por demais falacioso, este discurso mostra seu problema quando lemos a Fundação de Asimov. Tecnologia não basta para nos tornarmos seres melhores e também não basta para aumentar a conscientização da população sobre problemas de injustiça e ganância perante o meio e outros seres vivos.
O que podemos fazer é visualizar este futuro como um aviso. Aviso de que não é possível construir uma sociedade mais justa apenas com tecnologia e que é bem possível existirem impérios ou governos fascistas e não-democráticos, cercados de tecnologia e para sempre gloriosos.
Para evitar este futuro, nada mais do que começar a pensar no poder que a mudança de nós mesmos e de nosso entorno, do ponto de vista ético, é capaz de fazer. Se sem tecnologia ou com pouca, ainda podemos chegar ao desenvolvimento de uma sociedade extremamente avançada através do melhoramento da ética, sem ética, não há tecnologia que seja capaz de driblar o primitivismo de nossas relações e nossa sede por poder e bens materiais, por mais próximos que estaremos de viajar pelo universo.

A Fundação de Isaac Asimov divide-se em vários livros:

Capa de Fundação e Segunda Fundação. Fonte: Desconcertos.
Prelúdio para Fundação

Fundação

Fundação e Império

Segunda Fundação

Fundação II

A Fundação e a Terra

Crônicas da Fundação


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