O veganismo e os Guarani-Kaiowá - precisamos falar sobre isso!
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Há muito tempo, os índios guarani-kaiowá são vítimas de agropecuaristas na região do Mato Grosso do Sul. Para contextualizar o problema, os índios das etnias guarani e kaiowá, e os tekohas enfrentam há mais de dez anos investidas violentas do setor do agronegócio em suas terras, denominadas Pyelito Kue, as quais são vistas como sagradas e tradicionais pelo povo indígena.
Recentemente, uma carta divulgada pela tribo apontou para a conivência do governo Federal para com a violência, ignorando os direitos deste povo de viver às margens do rio Hovy e em suas terras.
A opinião pública se mobilizou fortemente por meio das redes
sociais e por meio de protestos e, interessantemente, quase nada se ouviu nas
mídias “oficiais”. Todavia, as fotos dos índios que se suicidaram, a divulgação da violência
sexual cometida contra as índias, assassinatos e o possível suicídio coletivo da etnia foram
suficientes para liberar a revolta das pessoas, mesmo que esse problema já seja
um infortúnio de tempos atrás.
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Uma das questões que mais me mortificou foi a impotência que
senti a respeito desta questão. Obviamente que não basta compartilhar mensagens
sobre os guaranis-kaiowá na internet ou mesmo ir aos protestos na cidade grande. Eu até imaginei
que a pressão internacional fosse suficiente, mas, no Brasil, é fato que nem
isso ajuda a resolver problemas de direitos humanos como este e posso citar o
caso de Doroth Stang, Chico Mendes, Carajás e outros.
Apesar disso, percebi que mal ou bem, estamos todos nós,
brasileiros ou estrangeiros, no meio do olho do furacão, afinal a pressão sobre
os índios guarani e a luta por terras é, na verdade, fruto da expansão
do agronegócio no país, o qual é aliado à produção de soja, pasto e cana. No caso da soja, em sua grande maioria, esta serve
como substrato para a produção de ração para gado, aves e suínos confinados. Além disso, indústrias da produção de leite, produtos derivados e ovos também estão envolvidas, já que a ração é praticamente produzida através da soja. A produção de pasto está associada ao desmatamento do cerrado e obivamente à criação de gado extensiva. A cana se concentra na produção de combustível.
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Ou seja, comer carne e derivados não só já é um problema ético e ambiental por si só, como também é humano. Quando se trata de derivados animais, a carne humana entra no meio e ela é facilmente trocada pela degustação na churrascaria. Eu sei que parece exagero, mas é fato que o consumo que
realizamos nas grandes cidades está atrelado ao seu modo de produção. Alguns me
dirão que é impossível consumir tudo de maneira ética. Sim, é verdade! Tudo é difícil, mas quase tudo não, pois algumas coisas podemos deixar de consumir ou substituir.
Você compraria alimentos produzidos por trabalho escravo, s epudesse optar por um mais etico? E produtos vinculados ao tráfego humano? Para alguns, consumir produtos que foram produzidos por meio de violência é impensável, mas outros vão além e não consomem produtos que se estabeleceram por meio de tortura animal, produtos que financiam o tráfego sexual, produtos que financiam o agronegócio - por meio do uso de agrotóxicos e aditivos - e por fim, produtos que precisaram crescer em terras manchadas de sangue, terras estas, antes ocupadas pelos guarani-kaiowá.
Cá
entre nós, sabemos que o consumo de carne não é necessário para a saúde e a
falta de proteínas, cálcio, ferro e outros não passa de mito, reiterado pelos mesmos lobbies que financiam o assassinato dos povos indígenas. Mesmo leite, ovos etc não são necessários nutricionalmente falando e a culinária vegana é extremamente saborosa e barata. Tem tudo na feira! Assim, não há motivo racional nenhum para se continuar financiando este tipo de negócio! Se você ainda não se convenceu saiba que atualmente 1/3 das
terras cultiváveis no mundo são usadas para produção de gado, ou seja, tudo isto de terras, todo este dematamento, todo este sofrimento animal, todos estes assasinatos, só por conta do paladar? Podemos ir além disso!
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Sartre já dizia que liberdade é ter responsabilidade e,
neste sentido, saber quais são as conseqüências das ações que realizamos no
mundo. Sabendo das conseqüências, podemos controlar melhor o futuro e a partir
disso, podemos causar menos mal a nós mesmos e à sociedade, já que estamos
inseridos nela.
Continuar a consumir produtos manchados de sangue pode, neste sentido, ser considerado como um ato de irresponsabilidade e um ato que aprisiona a própria pessoa. Não basta nos chocarmos com as fotos dos índios mutilados pela violência pecuarista. Não basta nos negarmos a concordar com a conivência do governo, que deve ter relações com o próprio setor que oprime os índios. Não basta chorarmos face à impunidade, quando nós mesmos financiamos os produtores deste massacre e, portanto temos que agir de uma maneira em que ao menos consigamos fazer mudar algo, nem que seja em pequena proporção.
Não financiemos mais os
assassinos e lutemos contra aqueles que nos fazem mal e mal à
natureza, afinal o que consumimos não surge das prateleiras de supermercado:
eles vêm de algum lugar.
Sugiro o post sobre o filme “A bela verde”, em que um
planeta extraterrestre mostra como venceu a violência. “Um belo dia,
simplesmente as pessoas se levantaram e pararam de consumir e apoiar aquilo que
lhes fazia mal”.
Por: Camila Arvoredo
Por: Camila Arvoredo
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