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A Revolução dos Cocos – A Primeira Eco-revolução Já Aconteceu

PorCamila Gomes Victorino

O que você faria se sua terra fosse morta, seu povo deslocado para uma favela e suas crianças morressem doentes pela água envenenada?

A revolução dos cocos: a história do
primeiro levante eco-ambiental.
Fonte: HouseofSephora
Nas Samoas, uma pequena ilha da Indonésia venceu uma batalha de Davi contra Golias, porém, mais do que uma guerra de poder, o povo da pequena ilha de Bouganville lutou pela manutenção de suas florestas e de seus mananciais e enfrentou um embargo econômico, financiado por grandes potências, com inventividade e cocos.
Até o início dos anos 80 Bouganville era uma ilha pertencente à Papua Nova Guiné e habitada por povos nativos que viviam primordialmente de seu ecossistema. A mineradora “Rio Tinto Zinc”, Anglo-Australiana, recebe, então, a concessão da exploração dos solos da ilha e destrói boa parte do ecossistema local, poluindo as águas, tornando os solos inférteis e deslocando pessoas de suas aldeias para favelas. Depois de numerosas tentativas infrutíferas de acordos com a companhia e grandes humilhações, o líder da comunidade decide sabotar a mineradora, explodindo parte da infra-estrutura, o que ocasiona na retaliação armada por parte do exército de Papua-Nova Guiné sobre o povo. A morte de milhares de nativos desarmados, incluindo um número considerável de crianças, leva todas as comunidades a se unirem e declararem a independência – ainda irreconhecida - da ilha. Após infrutíferos ataques de Papua Nova Guiné, o exército australiano também decide invadir o local e após a sua derrota, um embargo econômico de uma década é declarado contra o povoado, o que, apesar de parecer uma arma imbatível, torna-se uma faca de dois gumes, pois o embargo só aumenta a união da comunidade.

Armas artesanais  de madeira contra metralhadoras
 automáticas,  helicópteros, embargo econômico e
exércitos bem treinados. Uma resposta
desmesurada para manter o poder sobre a floresta.
Fonte: Youtube
A história deste conflito - o qual foi o segundo maior conflito armado da Indonésia depois da Segunda Guerra Mundial - praticamente passou em segredo pelas mídias mundiais, o que só nos mostra como o colonialismo não acabou e como as grandes potências e multinacionais apenas se interessam em lucrar a qualquer custo, mesmo que isso leve à morte de pessoas e de um ecossistema inteiro. De fato, os povos nativos da ilha não só se uniram contra o desmatamento e tiveram a consciência da importância da floresta para sua sobrevivência, como venceram com arcos e flechas e inventividade as metralhadoras de ultra-potência, o que possivelmente só veio a aumentar ainda mais o silêncio sobre a questão. 
Apesar disso, a história deste povo e sua luta para manter sua dignidade e recursos naturais, foi mostrada no documentário “A Revolução dos cocos”, o qual pode ser visto gratuitamente na internet.

Até hoje as áreas exploradas pela mineradora estão estéreis
e poluídas. Fonte: Wineandbowties
No filme, não só descobrimos toda a injustiça cometida contra este povoado, como também descobrimos a sua inventividade, pois devido ao embargo econômico, o povoado é deixado sem acesso a combustível, remédios e alimentos, o que os leva a inventar tecnologias totalmente ecossustentáveis e inovadoras a partir do coco. Assim, o povoado remodela motores para o uso de óleo de coco como combustível; eles também desenvolvem uma medicina totalmente fitoterápica, que parece auxiliar mais eficientemente do que a medicina convencional; eles também passam a plantar seu próprio alimento orgânico e desenvolvem seus próprios produtos de limpeza, higiene e métodos contraceptivos.
De fato, atualmente o embargo econômico contra a ilha foi deixado de lado, mas esta sociedade tornou-se totalmente auto-suficiente do sistema externo, o que infelizmente não conseguiu apagar as seqüelas que a mineradora gerou, as quais ainda se mantêm após uma década, com solos estéreis e águas poluídas.

Isso é o temos, mas tudo pode desaparecer.
Fonte: Dreamstime
Atualmente, nós vemos nossos ecossistemas serem degradados sem lógica nenhuma. O desmatamento da floresta Amazônica está gerando seca no Sudeste e em regiões totalmente distantes do Globo. O culto ao carro e transporte individualista faz com que as pessoas se voltem contra ciclovias, mesmo quando mal podem respirar o ar poluído; a água está começando a ser tornar um recurso escasso e até nossa alimentação está em risco por contra dos agrotóxicos e transgênicos, que aumentam o risco de extinção de polinizadores. Todos estes fatores são indícios de que mudanças devem ser feitas, mas muitos temem que um mundo não seja possível fora do sistema convencional. Todavia, em “A revolução dos cocos”, nós vemos o contrário e eles provam que isolar-se do sistema e viver em comunhão com a natureza é tão mais tranqüilo quanto mais eficiente para a qualidade de vida e economia de um pequeno país, sem deixar de lembrar que é totalmente possível, mesmo que todas as potências que destroem inconsequentemente o planeta estejam contra ele.

Veja o documentário completo legendado em português

A Revolução dos Cocos from Daniel Barbosa on Vimeo.


Paz!


 Pensando ao contrário




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3 comentários :


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