[RECEITAS VEGANAS][bleft]

Há Relação Entre Veganismo e Meditação?

Por: Camila Gomes Victorino



Aparentemente veganismo não está correlacionado
com meditação, mas um pode ajudar ao outro.
Fonte: Passamos
Meu primeiro contato com o vegetarianismo se deu quando eu tinha quatorze anos. A internet não era muito comum em 1998 e era muito pouco democratizada no Brasil, porém um livro empoeirado em uma das prateleiras de casa me chamou a atenção: “Os três pilares do zen”, de Philip Kapleau. Este livro explicava o que era o zen-budismo e logo no início, o autor começou a explanar sobre os direitos de todas as criaturas à vida e como os budistas praticantes respeitavam esta vida, evitando matar animais, inclusive abdicando da carne em seu cardápio e do couro - optando pelo vegetarianismo.
Foi este livro que me fez virar vegetariana e eu não sabia e só fui saber uma década depois que só parar de comer carne não bastava para salvar a vida de outras criaturas, afinal a indústria do ovo e do leite está ligada à indústria da carne e de produtos que utilizam componentes de origem animal, os quais também sobrevivem à custa do assassinato de milhões de animais todos os dias.

A pergunta que não quer calar é: por que se ama uns e não outros?
A meditação pode auxiliar neste mistério.
Fonte: HomemBeringela
Assassinato parece uma palavra forte para designar o que acontece nos matadouros e tortura parece algo sensacionalista para classificar o que acontece com galinhas, vacas e abelhas em indústrias de derivados, mas o eufemismo não é suficiente quando se percebe que qualquer ser vivo que existe neste planeta tem tanto direito de existir como você, principalmente quando percebemos que retirar estes produtos da dieta não causa danos à saúde e que é cientificamente possível, além de prazeroso.
Mas se não a culinária vegana não é insossa e se não é impossível, por que continuamos a comer carne, leite, ovos, mel e outros? Por que é tão difícil? 

Por que alguns sentem e outros não sentem nada
para com os animais?
Fonte: Humaniversidade
Eu tenho amigos que sabem da existência dos queijos vegetais, dos substitutos, que já provaram deliciosos pratos veganos, que acharam gostoso, que têm dinheiro para comprar, que têm conhecimento de que a dieta é saudável, mas que continuam a comer carne. Eu sempre reflito sobre isso e chego à conclusão de que o problema não está somente no conhecimento racional sobre a violência que hoje impera contra os animais (e o planeta de modo geral). De fato, há muitas pessoas no mundo que sabem e já viram documentários ou mesmo visitaram matadouros; algumas destas sabem que o veganismo é saudável e até conhecem pessoas veganas – provas vivas de que é possível - mas elas continuam a comer carne e sempre arranjam desculpas como tempo, dinheiro, saúde, evolução, cadeia alimentar, entre outros para provar seu ponto.
Qual a origem destas desculpas? Não é meu objetivo criticar ninguém, mas dois dos principais fatores que levam as pessoas a continuar com hábitos danosos ao próximo estão ligados ao sabor ou a pressão da esfera social. Evidentemente que ainda assim, não faz sentido, já que a comida vegana é muito saborosa. Por fim, por mais que haja pressão social, pessoas convictas acabam por vencer os contra-argumentadores pelo cansaço. Quando eu virei vegetariana na adolescência muitos me disseram que eu iria ficar doente e as pressões nunca acabaram, mas isso não foi suficiente para que eu continuasse neste processo até virar vegana, então eu me pergunto: se não é o sabor e nem a pressão, o que ainda faz com que a carne continue a ser consumida por quem sabe sobre as conseqüências de sua indústria?

Se nem todos sentem empatia, a meditação pode
ajudar quem se sente incomodado a conseguir mais forças.
Fonte: Gravidaemforma
Um estudo publicado na revista científica PlosOne em 2012 mostrou que áreas do encéfalo associadas à empatia para com a dor de outros seres humanos e animais são mais ativas em veganos e vegetarianos do que em onívoros (Filippi et al., 2012). Isto é um indício de que os veganos e vegetarianos parecem sentir mais compaixão pela dor do outro do que comedores de carne, o que pode ser uma resposta do porquê de algumas pessoas serem insensíveis aos documentários, matadouros e destruição do planeta.
Apesar disso, eu não acredito que seja impossível de se mudar, pois não é porque veganos e vegetarianos parecem ser mais empáticos, que isso seja rígido. De fato, se a empatia é maior no grupo de veganos e vegetarianos, isso não foi herdado geneticamente, mas construído com o esforço de querer se melhorar mais e mais e é neste contexto que entra então a meditação.
Aparentemente, o veganismo tem relação com meditação apenas no sentido de que algumas filosofias orientais praticam o vegetarianismo, já que consideram os animais como seres de direito. Entretanto, a meditação é mais do que isso: ela é a ferramenta para libertar as pessoas de seus medos e também de seus vícios. Estudos científicos já mostram que a meditação feita cotidianamente ativa áreas específicas do encéfalo e, portanto, algo se modifica em nosso comportamento quando meditamos. De fato, um artigo científico publicado na “Social Cognitive and Affective Neuroscience”,de 2012, demonstrou que a meditação voltada para a compaixão, feita cotidianamente, aumenta a atividade das mesmas áreas relacionadas à empatia que foram mais ativadas no grupo de veganos e vegetarianos (Mascaro et al.,2012). Ou seja, a meditação pode te ajudar a aumentar a sua sensibilidade para com o próximo e até te tornar mais sensível às questões sociais de nosso mundo.

Se notamos algo errado em nós mesmos, nós podemos
mudar e melhorar e a meditação é uma ótima ferramenta.
Fonte: CentroTinkuy
Eu comecei a meditar há cinco anos e nunca mais parei e posso dizer que ela realmente te modifica. Você pensa melhor, age melhor e se torna mais calma(o), mais amável, mas ao mesmo tempo mais crítico de suas próprias emoções e pensamentos, começando a entender seus defeitos e adquirindo força constante para vencê-los.
Acredito então que a prática da meditação nos auxilie a aumentar a nossa empatia para com o outro. Somos muito egoístas e não é só com relação aos animais! Nós pervertemos este mundo e apesar de alguns falarem que a maldade é normal porque somos animais predadores, a própria existência de pessoas que auxiliam o desenvolvimento da humanidade mostra que isso não é a sua única face. Eu sempre continuarei a acreditar que veganos não são especiais, mas apenas pessoas que começaram se incomodando um pouco e foram fazendo pequenas revoluções em si mesmos aos poucos. A força para mudar vem em intervalos e a força para dizer não a um bife de família também! Com os veganos também aconteceu assim, mas o que fez com que eles adquirissem a força para combater a pressão da sociedade foi o chamado interno de melhorar a si mesmo. 

Uma hora entendemos não só com a razão, mas também com o
coração que eles são nossos irmãos e não nossa comida.
Fonte: Aumagic
Todas as pessoas que saem do curso do pré-estabelecido sofrerão pressão social e isso é normal, mas na história humana há inúmeros relatos de pessoas que criaram obras fantásticas devido ao seu espírito de rebeldia. No fim, se você sente que de alguma maneira precisa ajudar a estas criaturas tão comumente mal-tratadas, a meditação é uma ferramenta que virá em seu auxílio. Mudar a si mesmo permite que uma pequena luz se ilumine em seu interior, a qual passa a guiar outras pessoas neste caminho. É uma reação em cadeia e muito mais forte do que a destruição de ganância de nossa sociedade, porém ela não acontece sozinha; ela precisa ser escolhida por cada um de nós. Nós temos uma escolha e depois de tanto sofrimento, chegou a hora de todos fazermos as nossas.



Paz!



 Pensando ao contrário

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2 comentários :


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